Durante discurso no julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, na manhã desta quinta-feira (31), o promotor de Justiça do Rio de Janeiro, Fábio Vieira, comentou a composição do júri popular formado para analisar o caso.
Segundo a avaliação dele, o grupo formado majoritariamente por homens de meia-idade e pele clara deve ser favorável à condenação dos réus com pena máxima.
“Achei muito interessante a composição do Júri. A maioria, pessoas de “meia-idade”, pessoas de pele clara. As mulheres sorteadas foram dispensadas”, disse o promotor do MPRJ.
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“Muitas pessoas podem dizer: ‘olha só, esse Júri não está heterogêneo, não está mostrando uma democracia de cor, de raça ou de qualquer coisa’. Digo o contrário: qualquer pessoa, independente de raça, de religião, de partido, sentará aí, vai ver esse processo e chegará à mesma conclusão”, complementou.
Ainda ontem (30), uma hora antes do julgamento, a juíza Lúcia Glioche realizou o sorteio dos jurados. As únicas duas mulheres sorteadas foram dispensadas pelos advogados dos réus.
Defesa e acusação poderiam dispensar até 3 pessoas cada, sem necessidade de justificativa.
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Socióloga e mestre em Administração Pública, Marielle Franco era vereadora do Rio de Janeiro. Ela foi assassinada em 14 de março de 2018 em um atentado ao carro onde ela estava; 13 tiros atingiram o veículo • Reprodução/Instagram
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Anderson Gomes, motorista do carro que levava Marielle, também morreu no atentado • Reprodução/Facebook
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Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são os acusados do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes • Foto: Tomaz Silva/ Agência Brasil
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A Justiça brasileira segue na busca pelos mandantes do assassinato da vereadora • Reprodução/Instagram
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Marielle era presidente da Comissão da Mulher na Câmara; segundo o Instituto Marielle Franco, ela iniciou sua militância em direitos humanos após ingressar no pré-vestibular comunitário e perder uma amiga, vítima de bala perdida, num tiroteio entre policiais e traficantes no Complexo da Maré • Reprodução/Instagram
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A irmã de Marielle, Anielle Franco, é ministra da Igualdade Racional do Brasil do governo Lula • Reprodução/Instagram
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Marielle Franco era casada com a também vereadora Monica Benicio • Reprodução/Instagram
Discurso da promotoria
Além de Fábio Vieira, os promotores Audrey Marjorie e Eduardo Martins puderam fazer explanações por até 2 horas e meia no início deste segundo dia de julgamento.
“É inegável que esses fatos vão repercutir não só no Rio de Janeiro, como universalmente”, destacou Marjorie sobre a relevância do caso sob análise.
Durante sua apresentação, Eduardo Martins deu detalhe sobre crime e chegou a mostrar pesquisas feitas por Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz na internet antes do assassinato. Foram exibidas pesquisas sobre amas, silenciadores e sobre a região por onde a vereadora trafegaria.
Segundo a promotoria, 14 tiros atingiram o veículo onde estavam as vítimas. Quatro deles acertaram o corpo de Marielle. O motorista Anderson Gomes foi mais alvejado do que a vereadora, o que, segundo o promotor, prova que os tiros continuaram.
“Foi escolhido ‘varrer o carro de um lado ao outro’ na intenção de matar todos”, afirmou Martins.
A exibição contou também com um áudio enviado pela única sobrevivente do ataque, a então assessora de Marielle, Fernanda Chaves, no qual ela diziam, pouco depois de sobreviver aos disparos:
“Olha só, o carro que eu estava com a Marielle foi atingido por vários tiros. Eu não sei o que fazer, fica em casa, me espera. Reza por mim, pela Marielle e pelo Anderson.”