A Coreia do Norte disse que conduziu um teste de míssil balístico intercontinental (ICBM) na manhã desta quinta-feira (31), um lançamento que se acredita ter alcançado o maior tempo de voo até agora para um míssil norte-coreano.
O teste acontece poucos dias antes da eleição presidencial dos Estados Unidos na terça-feira (5), e segue os avisos da agência de inteligência da Coreia do Sul de que Pyongyang estava planejando lançar um ICBM testando sua tecnologia de reentrada na época da eleição.
O teste também acontece quando a Coreia do Norte parece ter intensificado seus esforços de produção nuclear e fortalecido os laços com a Rússia, aprofundando a preocupação generalizada no Ocidente sobre a direção da nação isolada.
O míssil foi disparado em “um ângulo elevado”, o que significa que voou quase verticalmente para cima em vez de para fora, e viajou uma distância de mil quilômetros, de acordo com o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul (JCS).
Autoridades japonesas relataram que o míssil voou por cerca de 86 minutos e a uma altitude possível de 7 mil quilômetros, antes de cair no mar a oeste da Ilha Okushiri, no norte de Hokkaido, por volta das 8h37, no horário local, fora da zona econômica exclusiva do Japão, disse a emissora pública NHK.
“O tempo de voo foi o mais longo de todos os tempos. Possivelmente o mais novo míssil de todos os tempos”, disse o Ministro da Defesa japonês, Gen Nakatani.
O porta-voz do JCS de Seul, Lee Sung-joon, disse que poderia ter sido um “míssil balístico de longo alcance de propulsão sólida de novo tipo” disparado de um lançador móvel de 12 eixos (TEL) que Pyongyang revelou no mês passado.
Mísseis de combustível sólido, como o Hwasong-18 da Coreia do Norte, permitiriam que Pyongyang lançasse ataques nucleares de longo alcance mais rápido do que com mísseis que usam tecnologia de combustível líquido.
ICBMs de combustível sólido são mais estáveis e podem ser movidos mais facilmente para evitar a detecção antes de um lançamento que pode ser iniciado em questão de minutos, dizem especialistas — em comparação com mísseis de combustível líquido que podem precisar de horas antes do lançamento, dando tempo para os adversários detectarem e neutralizarem a arma.
A Coreia do Norte disse que o lançamento “demonstrou a modernidade e a credibilidade do mais poderoso dissuasor estratégico do mundo”, de acordo com a mídia estatal do país.
A mídia estatal também relatou que o líder norte-coreano Kim Jong Un estava no local do lançamento e se referiu ao teste como “ação militar apropriada”.
Se o míssil for confirmado como um ICBM, seria o primeiro lançamento desse tipo da Coreia do Norte desde seu teste de míssil Hwasong-18 em dezembro de 2023.
Durante o teste de dezembro, as autoridades japonesas relataram que o míssil voou em uma trajetória altamente elevada por cerca de 73 minutos e a uma altitude de 6 mil quilômetros.
O míssil do teste desta quinta-feira voou mais alto do que o teste ICBM anterior da Coreia do Norte, de acordo com a análise inicial do exército sul-coreano.
Embora o míssil tenha demonstrado alcance para atingir qualquer lugar nos Estados Unidos, ele precisaria ser disparado em uma trajetória mais plana para atingir o país.
A Casa Branca condenou o teste como “uma violação flagrante de várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU”.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Sean Savett, disse que o lançamento “aumenta desnecessariamente as tensões” na região e que os EUA “tomariam todas as medidas necessárias para garantir a segurança da pátria americana e da República da Coreia e dos aliados japoneses”.
Tecnologia de armas nucleares e laços com a Rússia
O líder norte-coreano Kim Jong Un, falando no local de lançamento, afirmou que seu país “nunca mudará sua linha de reforço de suas forças nucleares”, informou a KCNA nesta quinta-feira.
Além de um teste ICBM, a agência de inteligência militar da Coreia do Sul também alertou que a Coreia do Norte poderia em breve conduzir seu sétimo teste nuclear.
Na quarta-feira (30), a agência disse que Pyongyang havia concluído os preparativos em seu local de testes em Punggye-ri, e que ele poderia acontecer na época das eleições nos EUA, de acordo com dois legisladores informados durante uma reunião parlamentar regular.
Desde que conduziu seu primeiro teste nuclear há mais de uma década, a Coreia do Norte avançou suas capacidades de armas, com a ambição de reduzir uma ogiva para que ela possa caber em um míssil de longo alcance.
O lançamento ocorre depois que autoridades dos EUA e da Coreia do Sul disseram que milhares de tropas norte-coreanas estão treinando na Rússia, com a expectativa de que estejam sendo preparadas para uma possível mudança para as linhas de frente da guerra de Moscou contra a Ucrânia.
Cerca de 10 mil soldados norte-coreanos estão recebendo treinamento militar no leste da Rússia, estimou o Pentágono na segunda-feira (28). O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse na quarta-feira que algumas tropas se aproximaram da Ucrânia e receberam uniformes e equipamentos russos.
O ministro da Defesa sul-coreano, Kim Yong Hyun, disse que a Coreia do Norte “muito provavelmente pedirá” a Moscou tecnologia avançada relacionada a armas nucleares em troca do envio de tropas para ajudar a Rússia.
Pyongyang provavelmente solicitará transferências de tecnologia russa relacionadas a armas nucleares táticas, o avanço de mísseis balísticos intercontinentais norte-coreanos, satélites de reconhecimento e submarinos nucleares, afirmou o ministro.
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