A Coreia do Norte classificou a Coreia do Sul como um “estado hostil”. A informação foi confirmada pela mídia estatal nesta quinta-feira (17), confirmando que sua assembleia nacional alterou a constituição de acordo com a promessa de seu líder de abandonar a unificação como uma meta nacional.
A agência de notícias da Coreia do Norte KCNA informou que os militares explodiram trechos de estradas e ferrovias com a Coreia do Sul na terça-feira (15), como uma ação legítima contra um estado hostil conforme definido pela constituição.
Trechos de 60 metros de estrada e de ferrovia no lado Norte da fronteira foram completamente bloqueados como parte de uma “separação completa e gradual de seu território” do Sul, disse.
“Esta é uma medida inevitável e legítima tomada em conformidade com a exigência da Constituição da Coreia do Norte, que define claramente a República da Coreia como um estado hostil”, disse a KCNA, usando o nome oficial da Coreia do Norte e o da Coreia do Sul.
A KCNA citou um porta-voz do Ministério da Defesa dizendo que o país tomaria novas medidas para “fortalecer permanentemente a fronteira sul fechada”, mas não mencionou nenhuma outra mudança na constituição que o líder norte-coreano, Kim Jong Un, havia ordenado.
Uma imagem de satélite divulgada pela empresa de imagens BlackSky e tirada na quarta-feira (16) mostrou a estrada que leva à cidade de Kaesong, na Coreia do Norte, com um grande corte no pavimento e na área ao redor.
A Coreia do Sul “condena veementemente” a mudança constitucional e a caracterização de estado hostil, e não vacilará em seus esforços em direção à reunificação pacífica, disse seu Ministério da Unificação, que cuida dos laços com o Norte .
Em janeiro, Kim pediu uma emenda constitucional para apagar a unificação como meta em seus laços com com a Coreia do Sul, acusando Seul de conspirar com os Estados Unidos para buscar o colapso de seu regime e uma definição clara de seu território.
A Assembleia Popular Suprema da Coreia do Norte se reuniu durante dois dias na semana passada, onde se esperava que alterasse a constituição para designar oficialmente a Coreia do Sul como um país separado e um inimigo principal.
A mídia estatal não noticiou tal medida, o que gerou especulações sobre se a mudança na constituição havia sido adiada.
A Coreia do Norte já havia anunciado resumos de emendas após vários dias de atraso, mas foi incomum que apenas uma das várias mudanças importantes que eram esperadas tenha sido revelada quase de passagem, disse o presidente da Universidade de Estudos da Coreia do Norte, Yang Moo-jin.
Como parte da mudança constitucional, esperava-se que a Coreia do Norte redefinisse seu território de uma maneira que entrasse em conflito com a Linha de Limite Norte, que era a fronteira marítima de fato desde o fim da Guerra da Coreia de 1950-1953, disse ele.
“É provável que eles estejam cientes da extrema sensibilidade da questão da linha de fronteira da costa oeste”, disse ele, referindo-se às águas que foram palco de confrontos mortais no passado.
As tensões entre os rivais vêm aumentando desde o ano passado, com ambos os lados declarando que um acordo assinado em 2018 para aliviar a tensão militar não é mais válido.
A Coreia do Norte intensificou drasticamente sua retórica hostil nos últimos dias, acusando a Coreia do Sul de invadir seu espaço aéreo usando drones e prometendo retaliação.
O governo da Coreia do Sul se recusou a dizer se seus militares ou civis pilotaram os supostos drones.
Os militares de Seul dispararam tiros de advertência ao sul da fronteira na terça-feira (15) em resposta às detonações de Pyongyang em estradas e ferrovias.
Pyongyang disse na semana passada que cortaria completamente as estradas e ferrovias intercoreanas e fortaleceria ainda mais as áreas do seu lado da fronteira como parte de sua iniciativa por um sistema de “dois Estados”, descartando seu antigo objetivo de unificação.