O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, vai tomar posse na próxima segunda-feira (20) nas escadarias do Capitólio. Desde 1981, a cerimônia de posse acontece ao ar livre, na frente da ala Oeste da sede do Congresso, mas o frio e a chuva típicos do mês de janeiro no inverno do hemisfério norte já atrapalharam a passagem de bastão.
Posse ao ar livre
A primeira cerimônia de posse ao ar livre aconteceu em 1817, quando James Monroe decidiu prestar o juramento em frente ao antigo Capitólio de tijolos, em Washington, DC. O prédio serviu como sede temporária do Congresso americano após o Capitólio ser queimado na Batalha de Washington, em 1814. Monroe decidiu que o lado de fora da sede provisória seria o local mais adequado para o juramento, já que havia um impasse sobre se a cerimônia deveria acontecer no Senado ou na Câmara.
Desde então, novos presidentes americanos já assumiram o cargo em vários locais em frente ao Capitólio. Em 1829, Andrew Jackson tomou posse no pórtico leste do prédio. Já a última posse de Franklin D. Roosevelt aconteceu no pórtico sul, em uma cerimônia discreta durante a Segunda Guerra Mundial, em janeiro de 1945. Em 1981, Ronald Reagan foi o primeiro presidente a tomar posse no pórtico oeste, onde o rito ocorre até os dias de hoje.
Inverno rigoroso
A Constituição dos Estados Unidos determina que o presidente eleito deve tomar posse no dia 20 de janeiro, ao meio-dia no horário de Washington, DC, no auge do inverno rigoroso. E o clima extremo já teve consequências graves para o governo americano.
Em 1841, quando a cerimônia ainda acontecia em março, em um clima mais ameno, o presidente William Henry Harrison tornou-se o primeiro presidente americano a morrer durante o mandato, apenas um mês após a posse, por causa de um resfriado. No dia em que assumiu o cargo, Harrison discursou por quarenta minutos sob o tempo nublado e a ventania. Ele desenvolveu uma pneumonia e morreu em abril daquele ano.
Outra tragédia marcou a posse do presidente Franklin Pierce. Uma forte nevasca atingiu Washington, DC durante o discurso de inauguração do novo presidente e dispersou a multidão. O desfile presidencial também precisou ser cancelado. Mas autoridades que participavam da cerimônia, como a primeira-dama Abigail Fillmore, esposa do incumbente Millard Fillmore, ficaram muito tempo sob a neve. O resfriado da primeira-dama evoluiu para uma pneumonia, e ela morreu alguns dias depois.
Em 1909, uma tempestade cobriu Washington, DC com mais de 25 centímetros de neve e obrigou o presidente William H. Taft a prestar o juramento do lado de dentro do Capitólio. Segundo o Serviço Nacional de Meteorologia (NWS), mais de 58 toneladas de neve foram retiradas do percurso do desfile presidencial. Cerca de 6.000 homens trabalharam para limpar o caminho.
A primeira posse presidencial a acontecer no dia 20 de janeiro foi a do segundo mandato de Franklin Delano Roosevelt. De acordo com o NWS, o presidente insistiu em fazer o desfile presidencial em um carro aberto, mesmo com o granizo e a chuva congelante. Neste dia, a temperatura era de apenas 0,5°C
A posse de John F. Kennedy, em 1961, também foi afetada pelo clima extremo. Um dia antes da cerimônia, a capital americana ficou coberta por uma camada de 20 centímetros de neve. “O presidente eleito teve que cancelar os planos de jantar e, na luta para cumprir outros compromissos, teria dormido apenas quatro horas. O ex-presidente Herbert Hoover não pôde voar para o Aeroporto Nacional de Washington devido ao clima e teve que faltar à cerimônia de posse”, relata o NWS.
Durante a noite, vários homens trabalharam para abrir o caminho na Avenida Pensilvânia para o desfile presidencial. Na hora do juramento, a sensação térmica era de -13°C.