O papa Francisco defendeu nesta quinta-feira (12) novos acordos internacionais para reduzir o ônus da dívida enfrentado pelos países de baixa renda e uma mudança nos gastos com armas e equipamentos militares em prol da erradicação da fome global.
Em uma mensagem ligada ao Ano Santo Católico Romano de 2025, que começa em 24 de dezembro, o pontífice disse que a mudança climática global, as guerras, o tratamento desigual dos imigrantes e outras questões “representam uma ameaça à existência da humanidade como um todo”.
“Atos esporádicos de filantropia não são suficientes”, disse ele. “São necessárias mudanças culturais e estruturais para que haja uma mudança duradoura.”
Os Anos Santos católicos, também conhecidos como Jubileus, ocorrem normalmente uma vez a cada 25 anos e são considerados um período de paz, perdão e indulgência. Esse ano vai até 6 de janeiro de 2026.
O apelo do papa nesta quinta-feira foi parte de sua mensagem anual para o Dia Mundial da Paz da Igreja Católica Romana, em 1º de janeiro.
O título da mensagem, que tradicionalmente é enviada aos líderes mundiais e chefes de instituições como as Nações Unidas, é “Perdoa-nos as nossas ofensas: concede-nos a tua paz”.
O papa também pediu a todos os países que eliminem o uso da pena de morte, à qual a Igreja Católica se opõe.
Ao longo de seus 11 anos de papado, Francisco tem pedido repetidamente que as nações mais desenvolvidas perdoem as dívidas enfrentadas pelos países de baixa renda. Na nova mensagem, o papa disse que muitos países mais pobres também estão enfrentando uma “dívida ecológica” devido aos impactos da mudança climática.
“No espírito deste Ano do Jubileu, exorto a comunidade internacional a trabalhar no sentido de perdoar a dívida externa em reconhecimento da dívida ecológica existente entre o Norte e o Sul deste mundo. Esse é um apelo à solidariedade, mas acima de tudo à justiça”, afirmou o pontífice.
Um apelo para o cancelamento direto da dívida feito pelo falecido papa João Paulo 2º durante o ano do Jubileu em 2000 deu início a uma campanha que resultou no cancelamento de 130 bilhões de dólares em dívidas entre 2000 e 2015.
Os níveis de endividamento global atingiram um recorde de 313 trilhões de dólares em 2023, com as economias em desenvolvimento atingindo um novo pico na relação entre a dívida e seu produto interno bruto, de acordo com um estudo divulgado este ano.
Sobre os gastos com armas, o papa disse que estamos vivendo em uma era “marcada por guerras”.
Ele propôs que as nações de todo o mundo dessem “uma porcentagem fixa do dinheiro destinado a armamentos para estabelecer um fundo global para erradicar a fome” e para apoiar os esforços de desenvolvimento sustentável e educação nos países em desenvolvimento.