A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira a Operação Mafiusi, uma colaboração entre as autoridades brasileiras e italianas. Foram cumpridos nove mandados de prisão preventiva no Brasil e um na Espanha, além de 31 mandados de busca e apreensão nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Roraima.
O objetivo da operação é desmontar dois grupos criminosos com ligação entre si que são responsáveis pelo tráfico de cocaína da América do Sul para a Europa.
Os alvos principais pertencem a um núcleo criminoso paulista associado a mafiosos italianos, que fornecia carregamentos de cocaína enviados para o Porto de Valência, na Espanha, a partir do Porto de Paranaguá, no Paraná.
De acordo com a polícia, na maioria das vezes, a droga era ocultada em contêineres com cargas como cerâmica, louça sanitária ou madeira. A organização também utilizava aeronaves particulares para enviar cocaína para a Bélgica, onde os criminosos retiravam a droga dos aviões antes da fiscalização nos aeroportos.
Além do tráfico de drogas, a polícia descobriu que o grupo também estava envolvido em um esquema de lavagem de dinheiro. Desde 2018 até 2022, a movimentação financeira dos investigados teria alcançado aproximadamente R$ 2 bilhões, em movimentações bancárias entre empresas e contas de fachada, além da compra de bens e realização de operações fraudulentas.
Por conta disso, foram decretadas o sequestro de imóveis e bloqueio de bens e valores nas contas bancárias e aplicações financeiras dos investigados. Ao todo, os bloqueios feitos no dia de hoje (10) somam cerca de R$ 126 milhões.
A investigação desse grupo criminoso iniciou em 2019, a partir da prisão de dois membros da máfia italiana em Praia Grande, São Paulo. Assim, uma equipe conjunta de investigação entre Brasil e Itália formou uma cooperação jurídica e policial internacional. Uma operação anterior com foco nesse grupo já havia desarticulado organizações criminosas responsáveis pela logística do tráfico de drogas no Porto de Paranaguá.
Durante esta mesma operação, a polícia descobriu que os traficantes que contratavam a logística eram originários de São Paulo e ligados a uma facção criminosa paulista e a membros de uma organização mafiosa italiana que atuava no Brasil.