O traficante Fernandinho Beira-Mar é alvo de buscas na nova fase da Operação Torniquete, na Baixada Fluminense, na manhã desta terça-feira (10).
A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro cumprem 28 mandados de busca e apreensão contra roubos de veículos e cargas no Rio de Janeiro.
Luiz Fernando da Costa está preso no Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná. Os agentes cumpriram um mandado no local.
Os alvos da Operação Torniquete são integrantes do Comando Vermelho, que também foram denunciados pelo crime de associação para o tráfico de drogas. Até o momento, duas pessoas foram presas em flagrante.
Os membros da organização criminosa são responsáveis por dezenas de roubos de carga em vias expressas: na Avenida Brasil, na Rodovia Washington Luis e na Rio-Magé.
A investigação aponta que, além de gerenciar e disseminar o tráfico, os criminosos estão envolvidos com a prática planejada de grande parte dos roubos a veículos de cargas no município de Duque de Caxias. A polícia estima um prejuízo de R$ 4 milhões.
As ordens para as os crimes partem de dentro dos presídios, por alguns dos acusados, segundo o Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRJ.
Segundo a denúncia do ministério, os roubos de carga financiam o tráfico de drogas e 50% do produto dos roubos é destinado ao Comando Vermelho. Com o domínio territorial e o fornecimento de estrutura e armas, a facção possibilita os roubos na região.
Os mandados expedidos pelo Juízo da 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias estão sendo cumpridos na Penitenciária Federal de Catanduvas, Penitenciária Moniz Sodré, Cadeia Pública Jorge Santana, Presídio Ary Franco, Penitenciária Jonas Lopes de Carvalho, Presídio Pedro Mello da Silva, Cadeia Pública Paulo Roberto Rocha, Penitenciária Moniz Sodré e na Penitenciária Jonas Lopes de Carvalho. Além de endereços em Duque de Caxias, são Gonçalo, Caju e Madureira.
Participam da ação desta terça agentes do GAECO/MPRJ, policiais civis da 60ª DP (Campos Elíseos) e a Polícia Militar. A Torniquete também conta com o apoio da Polícia Penal Federal e da Secretaria de Administração Penitenciária.
Luiz Fernando da Costa, de 57 anos, mais conhecido como Fernandinho Beira-Mar, é apontado como uma das principais lideranças da organização criminosa carioca Comando Vermelho.
O traficante tem condenações por tráfico de drogas, homicídios entre outros crimes que acumulam mais de 300 anos de prisão.
Beira-Mar ascendeu ao crime organizado depois de estabelecer uma vasta rede de distribuição de drogas no Rio de Janeiro e passar a controlar diversos pontos de venda nos morros cariocas no início da década de 1990.
Condenado a 12 anos por tráfico de drogas, ainda no início dos anos 1990, Beira-Mar permaneceu foragido até 1996, quando foi capturado em Belo Horizonte com quatro quilos de cocaína.
Na época, ele foi condenado a mais 12 anos de prisão por tráfico de drogas. Em 1997, ele conseguiu escapar da prisão em circuntâncias não esclarecidas.
Em 1999, o narcotraficante teria ordenado a morte de um homem por uma suposta relação amorosa com uma ex-amante dele. Em áudios atribuídos a Beira-Mar, a vítima que foi assassinada relata que teria sido torturada e forçada a engolir a própria orelha. Pelo crime, a Justiça condenou o narcotraficante a mais de 30 anos, por homicídio triplamente qualificado.
Após passar seis anos foragido e vivendo no Paraguai, Uruguai, Bolívia e Colômbia, segundo documentos do Ministério Público Federal (MPF), Beira-Mar teria se relacionado com membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e se tornando um fornecedor de armas para o grupo guerrilheiro.
Em 2002, Beira-Mar foi novamente condenado a mais 120 anos de prisão por supostamente ordenar a morte de quatro traficantes de uma facção rival, durante uma rebelião no presídio Bangu 1.
Considerado um dos presos mais perigosos do Brasil, o traficante inaugurou o presídio de Catanduvas, em 2006, quando o modelo de segurança máxima sob gestão federal foi criado.
Operação Torniquete
A ação de hoje faz parte da segunda fase da “Operação Torniquete”, que busca reprimir roubos, furtos e receptação de cargas e de veículos, crimes que financiam as atividades das facções criminosas, suas disputas territoriais e ainda garantem pagamentos a familiares de faccionados, detidos ou em liberdade.
Desde o mês de setembro, já são mais de 240 presos, além de centenas de veículos e cargas recuperados.
A etapa anterior da operação foi realizada nesta segunda (9) no Complexo da Maré. Ao todo, 13 suspeitos foram presos e três pessoas morreram, sendo dois criminosos e uma mulher baleada.
Diversos tiros foram relatados por moradores durante a manhã de ontem na comunidade. A ação que mobilizou diversas equipes das polícias Civil e Militar também resultou em 44 escolas fechadas ou afetadas, quatro clínicas de saúde fechadas e as principais vias do Rio de Janeiro interditadas.
Os agentes apreenderam também duas pistolas, duas granadas, seis fuzis e dispositivos eletrônicos. Além disso, mais de 150 quilos de drogas foram recolhidos e 68 veículos recuperados.
No último dia 3 de dezembro, uma outra fase da Torniquete mobilizou 900 policiais no Complexo da Penha. 10 pessoas foram presas e ao menos cinco ficaram baleadas.
A operação conta com as tropas de elite dos principais órgãos de segurança pública do Rio de Janeiro: o Gaeco do Ministério Público, a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil e o Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar.
Com informações de Marcos Guedes, da CNN