O comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, coronel Cássio Araújo Freitas, disse em entrevista à CNN, nesta quarta-feira (4), que todos os episódios de violência policial ocorridos nos últimos dias estão em apuração rigorosa por parte da Corregedoria da corporação.
“Os erros foram pessoais e pontuais, e a responsabilidade é da instituição. Por isso que a instituição está apurando, seja através de inquéritos policiais militares, seja através de sindicâncias”, destacou.
“A minha análise é que nós ainda conseguimos tratar como casos isolados, porque a instituição jamais incentiva isso. Nenhuma dessas falhas pessoais que aconteceram são falhas que aconteceram por algum ensinamento errado, por algum protocolo que foi entendido. Muito pelo contrário”, continuou Freitas.
Nesta semana, 13 agentes da PM foram afastados por envolvimento em uma ação onde um homem foi arremessado por um policial de uma ponte, na última segunda-feira (2), na zona sul da capital. Um inquérito policial militar também foi instaurado.
Outro caso que repercutiu foi a execução de um homem com 11 tiros nas costas, também na zona sul de São Paulo.
A primeira versão apresentada pelo policial militar Vinicius de Lima Britto, que estava de folga na ocasião, era de que o jovem teria feito menção de estar armado, e por isso efetuou os disparos.
Também no início do mês de novembro, o menino Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, foi morto com um tiro na cidade de Santos, no litoral paulista. De acordo com a Polícia Militar, “provavelmente” o tiro que matou a criança partiu da arma de um agente.
Há duas semanas, o estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta foi morto por um policial militar durante uma abordagem dentro de um hotel na zona sul da capital.
De acordo com a versão dos policiais, o jovem estava “alterado, agressivo e resistiu à abordagem, entrando em vias de fato com a equipe”. Câmeras de segurança flagraram a ação e divergem da versão apresentada pelos agentes.
Redução de danos
Durante a entrevista, o coronel Cássio Araújo de Freitas destacou que a corporação aumentou o uso de câmeras corporais de 10 mil para 12 mil equipamentos nas ruas, e afirmou que o desejo do governador Tarcísio de Freitas é elevar o número para 15 mil câmeras.
“Nós temos doutrinas, nós temos ensino nas nossas unidades de ensino, nós temos treinamentos baseados no emprego adequado, legal, proporcional da força. Essa cultura da violência é um fenômeno muito mais social, nacional, latino-americano, do que de uma ou outra instituição. Não é incentivado, muito pelo contrário, é combatido”, ressaltou Freitas.
O comandante-geral informou a existência de um projeto de “diminuição dos danos colaterais” nas ações da Polícia Militar.
“São três grandes eixos, o primeiro deles: treinamento, intensificação do nosso treinamento. Nós já somos uma instituição que treina muito, mas fica evidente que precisamos treinar mais. Principalmente controle emocional”, contou.
“Outro eixo é a questão de logística, mais equipamentos, sobretudo equipamentos não letais ou semiletais. E o terceiro, é o nosso eventual tratamento de alguns procedimentos nossos. Como não agir até a chegada de apoio, por exemplo, é algo que nós estamos analisando”, finalizou o comandante.