Situada em um terreno de 7 mil metros quadrados com vista deslumbrante para a Pedra da Gávea, a mansão da Rua Capuri, em São Conrado, na zona sul do Rio, foi devolvida nesta terça-feira (26/11) à Regina Lemos Gonçalves, herdeira de Nestor Gonçalves, fundador da Copag, fabricante da famosa marca de baralhos.
Avaliada em R$ 15 milhões, a construção de quatro andares impressiona por cada detalhe. O quarto principal, por exemplo, possui um elevador privativo que leva diretamente a uma luxuosa piscina, cercada por uma área de lazer com vista panorâmica. No interior, esculturas de luxo, quadros assinados e uma obra rara do barroco brasileiro de Nossa Senhora de Sant’Ana, avaliada em R$ 250 mil, conferem ao local um ar de galeria de arte particular.
Outros destaques incluem vasos artesanais de grandes proporções, lustres de cristal de origem francesa e um salão principal com paredes envidraçadas que integram os ambientes internos ao exuberante jardim da propriedade.
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História e exclusividade
A mansão foi construída na década de 1960, sob encomenda de Nestor Gonçalves, que buscava um refúgio luxuoso para a família. O terreno de localização privilegiada, próximo à Mata Atlântica, foi escolhido para oferecer privacidade e conforto, mas sem abdicar da conexão com a cidade.
Regina, que herdou o imóvel após a morte de Nestor, era conhecida por receber artistas, políticos e empresários em eventos exclusivos na mansão. A propriedade, no entanto, passou anos fechada e acabou sendo utilizada indevidamente por José Marcos Chaves Ribeiro, ex-motorista e ex-companheiro da socialite, que é acusado de crimes graves contra ela.
Com uma área externa vasta e cercada de vegetação, a propriedade também possui curiosidades intrigantes. O terreno abriga um bunker subterrâneo, construído durante o período da Guerra Fria, que servia como refúgio em caso de emergências. Esse espaço, contudo, foi transformado em outro ambiente com o passar do tempo.
A piscina, um dos grandes destaques da mansão, é equipada com um sistema de aquecimento e iluminação noturna projetado exclusivamente para o imóvel, o que torna o espaço uma obra de engenharia.
No jardim, espécies raras de plantas foram trazidas de várias partes do mundo, incluindo orquídeas asiáticas e palmeiras do Caribe, que foram mantidas em estufas até serem adaptadas ao clima carioca.
Além do valor financeiro, as obras de arte que decoram a mansão tem um peso histórico. A peça mais valiosa, uma escultura de Nossa Senhora de Sant’Ana, data do século XVII e é considerada uma das melhores representações do estilo barroco no Brasil. Vasos e outras peças decorativas foram adquiridos em leilões internacionais e em viagens de Regina pela Europa e América Latina.
Operação
A Polícia Civil realizou uma operação para tentar prender o ex-motorista da socialite Regina Lemos Gonçalves, nesta terça-feira (26), no Rio de Janeiro.
A idosa de 88 anos acusa José Marcos Chaves Ribeiro de tê-la mantido isolada em casa, sem contato com amigos e parentes, por 10 anos. Ele é acusado por tentativa de feminicídio, sequestro e cárcere privado, violência psicológica e furto qualificado.
Os agentes realizaram buscas em três endereços em São Conrado, bairro na zona Sul do Rio. José Marcos não foi encontrado e é considerado foragido.
A investigação que tornou o ex-motorista réu foi liderada pelo 12° DP (Copacabana), iniciada em novembro de 2023. Os investigadores tiveram acesso a diversos depoimentos, laudos e boletins de atendimento e detalhes do período em que Regina viveu com José Marcos no apartamento do Edifício Chopin, ao lado do Copacabana Palace.
A denúncia pela tentativa de feminicídio foi baseada em uma internação no dia 30 de dezembro de 2021, quando Regina foi parar no hospital com uma lesão na cabeça. Na época, ninguém da família foi informada sobre o ocorrido.
Ela precisou ser operada e só teve alta em janeiro de 2022. O ex-motorista e outros investigados estão proibidos de se aproximar da vítima a menos de 500 metros de distância e de ter contato por qualquer meio.
A juíza da 4ª Vara Criminal determinou a desocupação de uma mansão em São Conrado, que estaria sendo administrada por José Marcos e teria sido alugada para terceiros.