As polícias de São Paulo já mataram 31 adolescentes em 2024, de acordo com um levantamento do Instituto Sou da Paz. A pesquisa mostra o total de vítimas de ações policiais de janeiro de 2019 até agosto deste ano, além das características dos menores de 18 anos e os locais onde foram mortos.
Ao todo, 256 adolescentes morreram durante atuações das polícias Militar e Civil de SP desde 2019. Ao menos 184 mortes foram causadas por ações da Polícia Militar do estado.
Veja abaixo os números de todos os anos levantados:
- 2019 – 61 mortos
- 2020 – 55 mortos
- 2021 – 47 mortos
- 2022 – 24 mortos
- 2023 – 38 mortos
- 2024 – 31 mortos
Mais de 40% das mortes ocorreram na capital paulista. Entre as cidades que mais tiveram vítimas estão Guarulhos (12), Santo André (10), Campinas (10) e Guarujá (9).
Um dos casos que ficou conhecido foi o de Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos. Ele morreu após ser atingido por um tiro no abdômen na frente de sua casa em Santos, durante um confronto entre policiais e criminosos no local.
A pesquisadora do Instituto Sou da Paz, Malu Pinheiro, afirma que os confrontos e a atuação na Baixada Santista deixam um número de vítimas inadmissível. “Não pode ser tratado como efeito colateral de uma atuação eficaz, uma vez que a população ainda se convive com uma constante insegurança”, comentou.
Entre as idades que há mais vítimas estão os adolescentes de 17 anos: foram 12 somente neste ano e 137 desde 2019, segundo a pesquisa.
O Instituto ainda separa os mortos por cor da pele. Ao todo, foram 138 adolescentes pardos, 90 brancos e 28 pretos que faleceram desde o início do estudo.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo informou à CNN que as mortes são resultado da reação de suspeitos à ação da polícia e que investiga rigorosamente os casos. Leia a nota abaixo na íntegra.
“As Mortes em Decorrência de Intervenção Policial são resultado da reação de suspeitos à ação da polícia. Todos os casos de MDIP que ocorrem em São Paulo são rigorosamente investigados pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento das respectivas corregedorias, Ministério Público e Poder Judiciário. Para reduzir a letalidade, a SSP-SP investe continuamente na capacitação do efetivo, aquisição de equipamentos de menor potencial ofensivo e em políticas públicas. As forças de segurança estaduais realizam abordagens obedecendo parâmetros e procedimentos técnicos com absoluto respeito à lei. Desde a formação e ao longo de toda carreira, os policiais paulistas passam por cursos de formação e atualização que contemplam disciplinas de direitos humanos, igualdade social, diversidade de gênero, ações antirracistas, entre outras. Além disso, os cursos ao efetivo são constantemente aprimorados e comissões direcionadas à análise dos procedimentos revisam e aprimoram os treinamentos, bem como as estruturas investigativas”.