A indústria nacional tem contribuído de forma significativa para o avanço da agenda climática e vem se firmando como precursora na transição para uma economia de baixo carbono. A estratégia do setor é baseada em quatro pilares: transição energética, mercado de carbono, economia circular e conservação florestal e bioeconomia. Segundo uma pesquisa realizada pela CNI (Confederação Nacional da Industria) sobre as práticas sustentáveis mais adotadas pela indústria brasileira, 6 em cada 10 empresas já implementaram estratégias relacionadas à biodiversidade nos seus negócios (58%), como tecnologias, certificações e uso sustentável de recursos.
O levantamento, que contou com a participação de mais de 1,5 mil indústrias de transformação e extrativas, revela, ainda, que entre as principais iniciativas estão a adoção de tecnologias sustentáveis (35%), certificações ambientais (32%) e o uso sustentável de recursos biológicos (29%).
Em relação à capacidade de integração da biodiversidade, o levantamento aponta que 20% das indústrias brasileiras fabricam insumos ou produtos que incluem recursos vegetais, animais ou microrganismos na formulação. Dentre estes, 76% dizem que o recurso contribui para as características funcionais do produto.
Outro levantamento produzido recentemente junto à base do setor revelou que 85% das indústrias no Brasil desenvolvem pelo menos uma prática de economia circular – sistema em que o modo de produção é redesenhado para permitir um fluxo circular dos recursos, minimizar os resíduos e contribuir para o desenvolvimento sustentável.
CNI na COP29
Os resultados da pesquisa da CNI, que evidenciam como a integração da biodiversidade aos negócios já é uma realidade para mais da metade das indústrias no Brasil, foram apresentados na 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP29, que acontece de 11 a 22 de novembro, em Baku, no Azerbaijão.
O setor participa do encontro promovendo discussões sobre estratégias para avançar na agenda verde e contribuir com os compromissos brasileiros de redução de emissões.
“Queremos contribuir para o avanço da agenda climática, fortalecer a posição da indústria brasileira como precursora na transição para uma economia de baixo carbono e protagonista das discussões na COP30, que acontecerá em Belém, em 2025”, afirmou o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Participação ativa
Para a indústria brasileira, a participação nas conferências climáticas representa uma importante oportunidade de demonstrar o compromisso das empresas com o desenvolvimento sustentável.
Por isso, ao longo da COP29, o maior evento do mundo sobre o meio ambiente, defende medidas consideradas necessárias pelo setor, como por exemplo, o avanço da agenda de adaptação à mudança do clima, a aprovação da operacionalização do mercado global de carbono e a mobilização dos países para o financiamento climático.
No estande da CNI, são mais de 60 atividades, entre painéis, apresentações e lançamentos de iniciativas, estudos e programas relacionados aos temas da COP, como financiamento climático, transição energética, adaptação climática, bioeconomia, mercado de carbono e COP30, que ocorrerá em Belém, em 2025.
Iniciativas transformadoras
E há muito a apresentar. Entre as importantes iniciativas estão os projetos de hidrogênio verde, que já somam investimentos de mais de R$ 188 bilhões.
Produzido a partir de fontes renováveis ou de fontes fósseis associadas à captura e estocagem do dióxido de carbono (CO2), o hidrogênio é, hoje, uma importante estratégia para a descarbonização dos segmentos “hard to abate”. É o caso dos setores industriais que precisam de calor em alta temperatura, indústrias como aço, vidro, química, alumínio e a de fertilizantes.
Inclusive vários portos brasileiros vêm desenvolvendo projetos para se posicionar como hubs de hidrogênio de baixo carbono – centros geográficos que envolvem uma cadeia de atividades de produção, transporte, entrega e uso final dessa fonte de energia.
Em outra ação voltada à produção do chamado “combustível do futuro”, a Vale firmou parceria com a Green Energy Park (GEP), empresa europeia, para o desenvolvimento de estudos para a instalação de uma unidade de produção de hidrogênio verde no Brasil. A ideia é que essa unidade abasteça um futuro Mega Hub – complexo industrial destinado à fabricação de produtos siderúrgicos de baixo carbono – no país.
“A transformação da indústria já está em curso, com ações concretas para reduzir emissões e incorporar a economia circular. Essa mudança não apenas ajuda a cumprir compromissos climáticos, mas produz impacto direto na sociedade, criando empregos de qualidade, promovendo tecnologias limpas e tornando as cidades mais sustentáveis e saudáveis para todos”, disse o presidente da CNI.
CNI quer grupo do setor privado para a COP
Durante a conferência em Baku, a CNI propôs a criação de um grupo de empresários com foco na elaboração de políticas verdes – a exemplo do B20, fórum de diálogo mundial que conecta a comunidade empresarial aos líderes dos países do G20.
O presidente Alban tem dialogado com o governo federal para que o Sustainable Business COP já esteja em operação na COP30. A ideia é que o grupo mobilize representantes do setor privado com a missão de construir e propor recomendações relevantes para a indústria, influenciando o processo de tomada de decisões nas pautas prioritárias da Conferência do Clima da ONU.
“Será um catalisador para as grandes empresas discutirem e terem resultados mais efetivos, principalmente, na questão do financiamento”, avaliou Alban.
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