Líderes europeus tentaram, nesta quinta-feira (7), em Budapeste mostrar união face às mudanças que podem ser prejudiciais ao Velho Continente com o retorno de Donald Trump à Casa Branca.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que os líderes reunidos na cúpula na Hungria demonstraram que a Europa pode tomar seu destino em suas próprias mãos quando está unida. Mais tarde, von der Leyen conversou por telefone com Trump e disse que a ligação foi “excelente”. Afirmou que discutiram temas como a Ucrânia, o comércio e a energia, e que está “ansiosa por fortalecer os laços com os Estados Unidos e trabalhar em conjunto para enfrentar os desafios geopolíticos”.
Um dos principais temores do bloco é que Donald Trump cumpra a promessa de campanha de elevar tarifas sobre importação para 10%.
Autoridades acreditam que a ameaça deve se concretizar. A Comissão Europeia inclusive já estaria criando modelos sobre o impacto econômico da medida para o bloco e antecipando quais países devem ser mais afetados. Entre eles estão Alemanha, por causa da exportação de veículos e Itália, o segundo maior exportador para os EUA do bloco.
Outro receio é que Trump cumpra, ainda, a ameaça de fazer uma elevação ainda maior das tarifas para a China, de 60%. Isso poderia levar o país asiático a direcionar duas exportações para a Europa:
- Com menor demanda do mercado americano e a o aumento de oferta dos produtos chinês economistas acreditam que a Europa poderia entrar em um cenário de deflação, de queda dos preços, o que poderia levar o banco central europeu a cortar juros de forma mais acentuada para estimular a economia.
- Uma ideia seria comprar mais gás natural dos Estados Unidos para equilibrar a balança comercial e demover Trump do aumento de taxas para os providos europeus.
Seria o fim da ajuda dos EUA à Ucrânia?
Outra grande fonte de preocupação é a possível reversão da ajuda americana à Ucrânia. Trump já deu diversos sinais de que poderia reduzir o envio de recursos. Com isso, os países europeus poderiam ser forçados a gastar mais dinheiro com a guerra e o cenário o endividamento já elevado de muitos países poderia se agravar.
“Nosso interesse é que a Rússia não vença esta guerra. Se vencer, isso significa que há uma potência imperial à qual estamos dizendo: vocês podem ser expansionistas. Não vejo quem nesta mesa pode ter paz de espírito se deixarmos isso acontecer”, disse o presidente francês, Emmanuel Macron, disse aos líderes europeus na cúpula na Hungria.
Em meio às discussões dos líderes europeus, o presidente ucraniano Volodymir Zelensky conversou por telefone com Donald Trump e disse que a conversa foi produtiva.
Diante das especulações de que o presidente eleito dos Estados Unidos forçaria a Ucrânia a ceder territórios para encerrar a guerra com a Rússia, Zelensky disse que cabe à Ucrânia decidir o que deve ou não estar na agenda para acabar com esta guerra”, acrescentou.
Diante dos líderes europeus, Zelensky disse que “espera que a América se torne mais forte. Esse é o tipo de América que a Europa precisa”. O líder ucraniano acrescentou que “o vínculo entre os aliados deve ser valorizado e não perdido”, mas afirmou que qualquer concessão sobre a Ucrânia a Vladimir Putin seria “inaceitável” para Kiev e “suicida” para a Europa.