A Venezuela convocou o embaixador venezuelano no Brasil, Manuel Vadell, para consultas para manifestar seu descontentamento com o que chamou de “grosserias” do governo brasileiro. A declaração do Ministério de Relações Exteriores menciona especificamente o assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assuntos internacionais, Celso Amorim.
Mas o Brasil não é o primeiro país latino-americano com o qual a Venezuela já entrou em conflitos diplomáticos. O governo de Nicolás Maduro também já teve desavenças com líderes da Argentina, Uruguai, Chile, Costa Rica, República Dominicana, Peru e Panamá.
Um dia após a eleição presidencial venezuelana, Maduro anunciou a expulsão da equipe diplomática desses países de Caracas. Segundo o governo chavista, os vizinhos latino-americanos teriam atacado a soberania do país ao não reconhecerem os resultados que concederam a vitória a Maduro.
O comunicado também criticou o que chamou de “grupo de governos de direita subordinados a Washington, abertamente comprometidos com as mais sórdidas posições ideológicas fascistas”.
A chancelaria venezuelana também já rechaçou o pronunciamento emitido conjuntamente por 11 países após a contestada reeleição de Maduro.
No comunicado, divulgado em agosto, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela chamou de “fracassados” os governos da Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Estados Unidos, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai, que rejeitaram a validação da vitória do presidente chavista pelo Tribunal Supremo de Justiça. O Brasil não assinou a carta emitida por esses países.
A relação entre a Venezuela e a Argentina tem sido particularmente conturbada. Opositores do governo de Nicolás Maduro ficaram asilados na embaixada argentina em Caracas. A sede da representação argentina chegou a ser cercada por forças venezuelanas, e a energia do prédio foi cortada. Diplomatas argentinos foram expulsos do país.
O Brasil assumiu a representação dos interesses argentinos na Venezuela, mas o governo venezuelano cancelou a autorização.
O Ministério Público da Venezuela chegou a decretar ordem de prisão contra o presidente argentino, Javier Milei, a secretária-geral da Presidência, Karina Milei e a ministra argentina da Segurança, Patricia Bullrich, pela entrega aos Estados Unidos de uma aeronave da empresa estatal venezuelana Emtrasur.
No dia seguinte, a Justiça Federal da Argentina ordenou a prisão imediata de Nicolás Maduro, e do ministro do Interior, Justiça e Paz, Diosdado Cabello, no âmbito de uma investigação por crimes contra a humanidade no país sul-americano.