A Itália deu um passo controverso na gestão da crise migratória ao enviar o primeiro grupo de imigrantes para a Albânia a bordo de um navio da Marinha.
Esta medida reflete uma tendência crescente na Europa de buscar soluções alternativas para lidar com o fluxo de imigrantes.
Segundo o analista de internacional Lourival Sant’Anna, a tendência é que medidas semelhantes, de enviar imigrantes para outros países, se espalhem pelo continente europeu.
Sant’Anna destaca que até mesmo governos de centro-esquerda, como o do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, estão buscando implementar políticas para redistribuir imigrantes e aliviar a pressão sobre os países mediterrâneos.
Pressão política e ascensão da extrema-direita
O analista descreve a Europa como uma “panela de pressão política”, onde a questão da imigração tem impulsionado o crescimento de partidos de extrema-direita em diversos países, como Alemanha, Itália, Holanda e Espanha.
Sant’Anna alerta que é necessário encontrar soluções que reduzam o “combustível” dado a grupos extremistas, que se elegem graças à pauta da imigração, mas que podem avançar com outras agendas consideradas antieuropeias.
O projeto italiano, elogiado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, envolve a construção de dois centros de detenção em cidades albanesas.
A iniciativa visa processar pedidos de asilo fora do território italiano, focando em homens adultos não considerados vulneráveis e provenientes de países sem histórico de forte perseguição ou violência, como Egito e Bangladesh.
Esta estratégia busca dissuadir imigrantes econômicos, que constituem a maioria dos que chegam ao sul da Europa. Ao processar os pedidos em um país menos atraente para os imigrantes, a Itália espera reduzir o apelo das perigosas travessias pelo Mar Mediterrâneo em embarcações precárias.
A medida italiana segue uma tendência observada em outros países europeus. O Reino Unido, por exemplo, tentou implementar um plano semelhante para enviar imigrantes para Ruanda, mas foi impedido pela Alta Corte britânica.
No entanto, o interesse por tais soluções permanece, com o primeiro-ministro britânico demonstrando curiosidade sobre o modelo italiano durante uma visita recente à Itália.
À medida que a Europa continua a enfrentar desafios migratórios, é provável que vejamos mais países adotando abordagens similares, buscando equilibrar as pressões políticas internas com as obrigações humanitárias internacionais.
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