O fortalecimento do Exército libanês será crucial para a implementação de uma importante resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que tem como objetivo manter a paz na fronteira do país com Israel, disseram nesta quinta-feira os Estados Unidos e a França.
O vice-embaixador dos Estados Unidos na ONU, Robert Wood, afirmou em encontro do Conselho de Segurança, que tem 15 membros, que a comunidade internacional deve concentrar seus esforços em fortalecer as instituições de Estado do Líbano.
“A solução para essa crise não é um Líbano mais fraco. É um Líbano mais forte e totalmente soberano, protegido por forças de segurança legítimas, incorporadas às Forças Armadas libanesas”, afirmou.
A missão de paz da ONU no local — chamada de Unifil — foi estabelecida na resolução 1.701, de 2006, para ajudar o Exército libanês a manter a fronteira sul do país com Israel livre de armas. Isso gerou um atrito com o Hezbollah, que é fortemente armado e apoiado pelo Irã.
Há um ano, o Hezbollah passou a disparar contra Israel em apoio ao grupo militante palestino Hamas. O conflito se intensificou nas últimas semanas, com Israel realizando ataques aéreos e uma incursão terrestre no sul do Líbano.
O embaixador francês, Nicolas de Riviere, afirmou que um cessar-fogo imediato é necessário, e que a proposta de 21 dias de paz, feita por franceses e americanos, continua de pé.
O embaixador israelense, Danny Danon, afirmou ao conselho que a resolução 1.701 deve ser colocada em prática, junto com a 1.559, que foi adotada em 2004 e “pede a dissolução e desarmamento de todas as milícias libanesas e não libanesas”.
“Estamos cumprindo nossas obrigações para garantir isso, o conselho deve nos apoiar em nossos esforços”, afirmou.
Entenda a escalada nos conflitos do Oriente Médio
O ataque com mísseis do Irã a Israel no dia 1º marcou uma nova etapa do conflito regional no Oriente Médio. De um lado da guerra está Israel, com apoio dos Estados Unidos. Do outro, o Eixo da Resistência, que recebe apoio financeiro e militar do Irã e que conta com uma série de grupos paramilitares.
São sete frentes de conflito abertas atualmente: a República Islâmica do Irã; o Hamas, na Faixa de Gaza; o Hezbollah, no Líbano; o governo Sírio e as milícias que atuam no país; os Houthis, no Iêmen; grupos xiitas no Iraque; e diferentes organizações militantes na Cisjordânia.
Israel tem soldados em três dessas frentes: Líbano, Cisjordânia e Faixa de Gaza. Nas outras quatro, realiza bombardeios aéreos.
O Exército israelense iniciou uma “operação terrestre limitada” no Líbano no dia 30 de setembro, dias depois de Israel matar o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um bombardeio ao quartel-general do grupo, no subúrbio de Beirute.
As Forças de Defesa de Israel afirmam que mataram praticamente toda a cadeia de comando do Hezbollah em bombardeios semelhantes realizados nas últimas semanas. No dia 23 de setembro, o Líbano teve o dia mais mortal desde a guerra de 2006, com mais de 500 vítimas fatais.
Ao menos dois adolescentes brasileiros morreram nos ataques. O Itamaraty condenou a situação e pediu o fim das hostilidades. Com o aumento das hostilidades, o governo brasileiro anunciou uma operação para repatriar brasileiros no Líbano.
Na Cisjordânia, os militares israelenses tentam desarticular grupos contrários à ocupação de Israel ao território palestino. Já na Faixa de Gaza, Israel busca erradicar o Hamas, responsável pelo ataque de 7 de outubro que deixou mais de 1.200 mortos, segundo informações do governo israelense.
A operação israelense matou mais de 40 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas. O líder do Hamas, Yahya Sinwar, segue escondido em túneis na Faixa de Gaza, onde também estariam em cativeiro dezenas de israelenses sequestrados pelo Hamas.