O Papa Francisco criticou nesta segunda-feira (7) o que chamou de “incapacidade vergonhosa” da comunidade internacional de acabar com a guerra no Oriente Médio, um ano após o ataque do Hamas contra Israel, que desencadeou a guerra em Gaza.
“Há um ano, o estopim do ódio foi aceso; ele explodiu em uma espiral de violência”, declarou Francisco em uma carta aberta aos católicos da região.
“Parece que poucas pessoas se preocupam com o que é mais necessário e o que é mais desejado: diálogo e paz”, continuou. “A violência nunca traz a paz. A História prova isso, mas anos e anos de conflitos parecem não ter nos ensinado nada”, concluiu.
O Pontífice, que transformou a segunda em um dia de jejum e orações pela paz para os católicos em todo o mundo, tem falado mais abertamente nas últimas semanas sobre o conflito entre o Hamas e Israel e sido mais incisivo em suas críticas à campanha militar israelense.
Em 29 de setembro, ele criticou os ataques aéreos israelenses no Líbano, que mataram o líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, e civis, sugerindo que ofensiva foi “além da moralidade”.
O papa também chamou as ações de Israel no Líbano de “inaceitáveis” e pediu para a comunidade internacional fazer o possível para interromper os combates.
Na carta desta segunda, Francisco se dirigiu diretamente aos habitantes de Gaza. “Estou com vocês, o povo de Gaza, já há muito tempo em apuros e em situação difícil. Vocês estão em meus pensamentos e orações diariamente”, escreveu.
“Estou com vocês, que foram forçados a deixar suas casas, a abandonar a escola e o trabalho e a encontrar um local de refúgio contra os bombardeios. Estou com vocês, que têm medo de olhar para cima por medo de que chova fogo dos céus”, acrescentou.
Entenda a escalada nos conflitos do Oriente Médio
O ataque com mísseis do Irã a Israel no dia 1º marcou uma nova etapa do conflito regional no Oriente Médio. De um lado da guerra está Israel, com apoio dos Estados Unidos. Do outro, o Eixo da Resistência, que recebe apoio financeiro e militar do Irã e que conta com uma série de grupos paramilitares.
São sete frentes de conflito abertas atualmente: a República Islâmica do Irã; o Hamas, na Faixa de Gaza; o Hezbollah, no Líbano; o governo Sírio e as milícias que atuam no país; os Houthis, no Iêmen; grupos xiitas no Iraque; e diferentes organizações militantes na Cisjordânia.
Israel tem soldados em três dessas frentes: Líbano, Cisjordânia e Faixa de Gaza. Nas outras quatro, realiza bombardeios aéreos.
O Exército israelense iniciou uma “operação terrestre limitada” no Líbano no dia 30 de setembro, dias depois de Israel matar o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um bombardeio ao quartel-general do grupo, no subúrbio de Beirute.
As Forças de Defesa de Israel afirmam que mataram praticamente toda a cadeia de comando do Hezbollah em bombardeios semelhantes realizados nas últimas semanas.
No dia 23 de setembro, o Líbano teve o dia mais mortal desde a guerra de 2006, com mais de 500 vítimas fatais.
Ao menos dois adolescentes brasileiros morreram nos ataques. O Itamaraty condenou a situação e pediu o fim das hostilidades.
Com o aumento das hostilidades, o governo brasileiro anunciou uma operação para repatriar brasileiros no Líbano.
Na Cisjordânia, os militares israelenses tentam desarticular grupos contrários à ocupação de Israel ao território palestino.
Já na Faixa de Gaza, Israel busca erradicar o Hamas, responsável pelo ataque de 7 de outubro que deixou mais de 1.200 mortos, segundo informações do governo israelense. A operação israelense matou mais de 40 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas.
O líder do Hamas, Yahya Sinwar, segue escondido em túneis na Faixa de Gaza, onde também estariam em cativeiro dezenas de israelenses sequestrados pelo Hamas.
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