Mauro Cid lamentou abandono de amigos e impacto sobre a família das investigações sobre plano de golpe. O tenente-coronel comentou a situação durante audiência, em março do ano passado, depois que áudios dele foram vazados e publicados pela revista Veja.
Nos arquivos publicados pelo veículo, o militar dava a entender que a Polícia Federal (PF) já tinha uma narrativa pronta e que não acreditava na versão dele. Cid também fez críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Questionado, Cid disse que nunca foi coagido a dar alguma informação e que os áudios eram só um desabafo com uma pessoa próxima. Ele lamentou que estava perdendo tudo, enquanto outras pessoas envolvidas estavam ficando milionárias
“Obviamente eu estava falando do presidente Bolsonaro, o PIX, esse negócio todo. E dos generais, todo mundo que está envolvido na investigação já está na casa dos seus 60 anos, 70 anos. Já teve sua vida toda, já atingiu todos os seus objetivos de vida e agora estão sendo investigados. E no meu caso, não. Eu perdi tudo. Estou com 45 anos, quarta geração de militar na família, e estou vendo minha carreira desabar na minha frente. Estou vendo amigos meus… vou usar uma expressão que eu gosto de usar: leproso. Não porque acham que eu fiz algo de errado, mas porque sabem que podem se prejudicar no Exército se ficarem se aproximando de mim”.
Mauro Cid chorou ao falar de um áudio vazado da filha que foi parar na imprensa.
“Alguém vazou um áudio da minha filha que é ela conversando com uma amiga. Onde ela diz que não tinha que ter intervenção militar nenhuma, que era coisa, obviamente, que ela ouvia em casa. A menina de 15 anos chorando em casa, que não estava indo para a escola. Porque até a professora tuitando coisas contra mim. Ela ficou quase um ano sem ir pra escola”.
No final da audiência, Mauro Cid foi informado que teria de voltar à prisão. Na hora, o militar leva as mãos à cabeça várias vezes, bastante agoniado. Ele desabotoa a manga da camisa enquanto parece começar a se sentir mal.
