30/01/2025 – 11h06Por: Sulbahianews
Silvano Jesus Rocha, de 41 anos, e Maria D’Ajuda Vitoriano de Jesus, de 42, foram transferidos na manhã desta quarta-feira, 29 de janeiro, para o Conjunto Penal de Teixeira de Freitas. O casal é suspeito de matar a filha adotiva, Eloá Araújo de Souza, de 2 anos.
Silvano e Maria D’Ajuda estavam detidos na carceragem da 8ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior desde a tarde do último sábado, 25, quando foram presos pela Polícia Civil.
Morte e investigação
Eloá deu entrada no Hospital Municipal Sagrada Família já sem sinais vitais na noite de 21 de janeiro e não resistiu, mesmo após as manobras de reanimação cardiopulmonar (RCP) realizadas pela equipe médica.
A investigação que levou à prisão do casal teve início a partir da comunicação do hospital sobre as várias lesões no corpo da criança, incluindo escoriações no tronco, face, membros e crânio, além de sangramento nasal e oral. Em depoimento inicial, a mãe adotiva afirmou que a morte foi causada por uma queda da cama, versão considerada incompatível com os resultados preliminares dos laudos periciais.
O exame de necropsia revelou que a vítima sofreu uma série de agressões em momentos distintos, constatadas por lesões recentes e antigas, além de sinais hemorrágicos no crânio, indicando um padrão de violência continuada. Os peritos também identificaram desnutrição severa: a criança pesava apenas 8 kg, o que, segundo os padrões da OMS, caracteriza desnutrição grave.
Durante a necropsia, também foi constatada hemorragia retroperitoneal, causada por um instrumento contundente que atingiu a região lombar. Essa lesão é incompatível com a versão de “queda de cabeça” apresentada pela mãe adotiva em seu depoimento.
O médico legista observou ainda equimoses, feridas contusas e escoriações semelhantes às causadas por mordeduras humanas, distribuídas em várias regiões do corpo, incluindo couro cabeludo, face, tórax, abdome, coxa, perna, antebraço, braço e punho. As lesões variavam entre recentes e antigas. No couro cabeludo, foram encontradas múltiplas áreas com infiltrado hemorrágico recente, o que não é compatível com uma queda de altura. O padrão das lesões sugere agressões físicas repetidas, caracterizando maus-tratos crônicos.
Na perícia realizada na residência do casal, foram encontradas manchas compatíveis com sangue nas grades e no colchão do berço, além de respingos na parede, elementos que também não condizem com a versão de queda. O material foi coletado e enviado para Salvador para exames de DNA, com o objetivo de verificar se pertencem a Eloá.
Diante das evidências que contradizem as versões apresentadas pelo casal, e para garantir o andamento das investigações sem interferências, o Núcleo de Homicídios de Teixeira de Freitas representou pela Prisão Temporária dos pais adotivos. O pedido foi aceito pelo Ministério Público Estadual e deferido pela Vara do Júri da Comarca de Teixeira de Freitas.
Agora no Conjunto Penal, o casal segue à disposição da justiça.