Os Estados Unidos, acompanhados por mediadores árabes, buscam concluir um acordo entre Israel e o Hamas nesta quarta-feira (18), para interromper a guerra na Faixa de Gaza que já dura mais de um ano.
No mesmo dia, uma autoridade palestina próxima às negociações afirmou que os mediadores haviam reduzido as lacunas na maioria das cláusulas do acordo. Disse também que Israel tentou introduzir condições que o Hamas rejeitou, mas não deu mais detalhes.
Na terça (17), fontes ligadas às negociações no Cairo, capital egípcia, disseram que um acordo poderia ser assinado nos próximos dias sobre um cessar-fogo e a libertação de reféns mantidos em Gaza, em troca de prisioneiros palestinos detidos em Israel.
A governo dos EUA, acompanhado por mediadores do Egito e do Catar, vem realizando esforços intensivos nos últimos dias para avançar as negociações de cessar-fogo antes que o presidente Joe Biden deixe o cargo no próximo mês.
Em Jerusalém, o presidente israelense Isaac Herzog encontrou-se com Adam Boehler, enviado designado do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para discutir sobre os reféns. Na ocasião, Trump ameaçou que “o inferno vai explodir” se o Hamas não libertar os reféns até 20 de janeiro, dia em que Trump regressa à Casa Branca.
Nesta quarta (18), o diretor da CIA William Burns deve comparecer a reuniões em Doha com o primeiro-ministro do Catar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, sobre como preencher as lacunas restantes entre Israel e o Hamas, disseram outras fontes. A CIA se recusou a comentar.
Negociadores israelenses estiveram em Doha na segunda-feira (16) com o objetivo de acertar detalhes de um acordo que Biden delineou em maio entre o Estado judeu e o grupo no controle da Palestina.
Houve repetidas tentativas de conversas ao longo do ano passado, todas elas frustradas pela insistência de Israel em manter a presença militar em Gaza, além da recusa do Hamas em libertar reféns até que as tropas se retirem.
A guerra em Gaza, desencadeada por um ataque liderado pelo Hamas às comunidades no sul de Israel, que matou cerca de 1.200 pessoas e resultou no rapto de 250 pessoas mantidas reféns, provocou repercussões em todo o Médio Oriente e deixou Israel isolado internacionalmente.
Desde então, a campanha de Israel matou mais de 45 mil palestinos, deslocou a maior parte dos 2,3 milhões de habitantes por todo o território e reduziu grande parte do enclave costeiro a ruínas.
Ataque aéreo mata pelo menos 20 palestinos
Na madrugada desta quarta-feira (18), bombas israelenses mataram pelo menos 20 palestinos durante a noite, dizem médicos na Faixa de Gaza.
Um ataque aéreo matou pelo menos 10 pessoas em uma casa na cidade de Beit Lahiya, no norte do enclave. Mais seis foram mortas em ataques espalhados: no campo Nuseirat de refugiados palestinos, em áreas centrais e em Rafah, perto da fronteira com o Egito.
Em Beit Hanoun, outra cidade no norte da Faixa de Gaza, médicos afirmam que quatro pessoas morreram em outro ataque aéreo a uma casa. Não houve comentários imediatos do porta-voz militar israelense sobre as 20 mortes.
As forças israelenses operam nas cidades de Beit Hanoun e Beit Lahiya, bem como no campo vizinho de Jabalia, desde outubro, em uma campanha que os militares disseram ter como objetivo impedir o reagrupamento de militantes do Hamas.
Os palestinos acusam Israel de realizar esses atos com objetivo de “limpeza étnica” para despovoar o extremo norte do enclave e criar uma zona desmilitarizada. Israel nega.
O Hamas não divulga quantidade de vítimas e o Ministério da Saúde palestino não faz distinção no número diário de mortos entre combatentes e não-combatentes.
No mesmo dia, militares israelenses disseram que atacaram militantes do Hamas que planejavam um ataque contra as forças que operavam em Jabalia.
Muhammad Saleh, diretor do Hospital Al-Awda em Jabalia, disse que bombardeios israelenses nas proximidades danificaram as instalações, deixaram sete médicos e um paciente dentro do hospital feridos.
No campo de Bureij, no centro de Gaza, famílias palestinas começaram a deixar alguns distritos depois que o exército de Israel emitiu novas ordens de retirada no X, enviando, também, mensagens escritas e de áudio para telefones celulares de parte da população local.