Os Estados Unidos “reconhecerão e apoiarão totalmente” um novo governo escolhido pelo povo sírio, desde que cumpra quatro princípios-chave, afirmou o Secretário de Estado Antony Blinken, em uma declaração na terça-feira (10).
É a primeira promessa explícita de reconhecimento dos EUA após a queda do regime de Assad neste fim de semana.
Os quatro princípios incluem compromissos para:
- Respeitar totalmente os direitos das minorias;
- Facilitar o fluxo de assistência humanitária a todos os necessitados;
- Impedir que a Síria seja usada como base para o terrorismo ou represente uma ameaça aos seus vizinhos;
- Garantir que quaisquer estoques de armas químicas ou biológicas sejam protegidos e destruídos com segurança;
“Os Estados Unidos reafirmam seu total apoio a uma transição política liderada e de propriedade da Síria. Este processo deve levar a uma governança confiável, inclusiva e não sectária, que atenda aos padrões internacionais de transparência e responsabilidade, consistente com os princípios da Resolução 2254 do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, explicou Blinken em uma declaração.
O secretário pediu que todos os países apoiem um processo inclusivo e transparente e se abstenham de interferência externa.
“Os EUA reconhecerão e apoiarão totalmente um futuro governo sírio que resulte desse processo”, expressou ele. “Estamos preparados para emprestar todo o apoio apropriado a todas as comunidades e constituintes diversos da Síria.”
Entenda o conflito na Síria
O regime da família Assad foi derrubado na Síria no dia 8 de dezembro, após 50 anos no poder, quando grupos rebeldes tomaram a capital Damasco.
O presidente Bashar al-Assad fugiu do país e está em Moscou após ter conseguido asilo, segundo uma fonte na Rússia.
A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, segundo a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.