O policial militar que matou um homem em um mercado da rede Oxxo na zona sul de São Paulo fez terapia por um ano após reprovar em um teste psicológico da PM.
Vinicius de Lima Britto, 24 anos, executou Gabriel Renan da Silva Soares, 26 , com 11 tiros em uma unidade da rede Oxxo, no dia 3 de novembro.
Ele foi preso preventivamente no dia 6 de dezembro e está detido no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte de São Paulo.
A CNN apurou que Vinicius foi reprovado em um teste psicológico ao tentar ingressar na Polícia Militar pela primeira vez, em 2021. A avaliação, realizada durante um concurso público para soldado de 2ª classe, apontou problemas de sociabilidade e descontrole emocional.
Após a reprovação, Vinicius iniciou um tratamento terapêutico particular por cerca de um ano, enquanto tentava ingressar na corporação novamente. A informação foi confirmada à CNN pelos advogados Victor Varvello e Carolina Marques Mendes, representantes da defesa do policial.
Depois da falha na primeira tentativa, Vinicius foi aprovado no teste em um segundo concurso, realizado no mesmo ano.
A CNN também apurou que, nesse intervalo, ele chegou a entrar com um mandado de segurança contra o resultado do primeiro teste, alegando subjetividade na análise, mas a Justiça negou o pedido e o processo foi extinto.
Na última segunda-feira (9), a Justiça de São Paulo negou um pedido de liberdade provisória da defesa de Vinicius. Segundo a decisão da juíza Michelle Porto, a ação de Vinicius ainda indica um modus operandi violento e descontrolado.
A defesa de Vinicius afirmou à CNN que vai entrar com um novo habeas corpus até esta sexta-feira (13).
“Mesmo atendendo os requisitos para substituição da prisão por cautelares, está detido no Presídio Militar, deixando mãe e namorada a toda sorte, sendo sua mãe sofredora de depressão e distúrbios psicológicos”, ressalta a defesa.
O que diz a defesa
A defesa de Vinicius Britto afirma que Gabriel Soares, homem morto no Oxxo, simulou estar com uma arma após escorregar na saída do mercado. O homem ainda teria “roubado quatro vezes no mesmo dia o estabelecimento, ofendendo a dignidade do funcionário com injúria homofóbica”, de acordo com a defesa.
Ainda segundo a defesa, o PM se recupera de um trauma sofrido em dezembro de 2023. Na época, Vinicius e um colega foram vítimas de uma tentativa de assalto, na qual um suspeito “colocou a arma na cabeça” dele.
O policial disparou contra o assaltante, que foi a óbito. A defesa informou que Vinicius foi investigado pela ação, mas não foi denunciado pela morte.
Sobre a reprovação no teste psicológico em 2021, a defesa destacou a seriedade do exame. “O teste possui diversas fases, entre escrita, de aptidão física e a última é o psicotécnico. A PM só vai mandar para a rua quem está apto, para vestir a farda e portar uma arma”, afirmou o advogado Victor Varvello.
Varvello ainda afirmou que Vinicius é instrutor de tiro e uma pessoa “extremamente competente”. Em nota, a defesa ainda afirma que não se justifica punir um crime com a vida do criminoso.
Assassinato em mercado
Imagens das câmeras de monitoramento do mercado Oxxo, na Avenida Cupecê, na zona Sul de São Paulo, mostram que Gabriel Renan da Silva Soares foi executado pelas costas pelo PM Vinicius de Lima Britto.
A versão apresentada pelo policial era de que o jovem teria mencionado e feito uma movimentação em que parecia estar armado, o que, na versão dele, justificaria os disparos.
Um atendente do mercado corroborou a narrativa, alegando que Gabriel teria dito: “Não mexe comigo, que estou armado, não quero nada do que é seu”.
Porém, as imagens mostram que Gabriel entrou na loja e sai correndo após furtar itens de limpeza, quando escorrega na saída. O vídeo mostra o policial acertando a vítima pelas costas.
Veja o vídeo do momento dos disparos aqui.
Vinicius foi preso preventivamente no dia 6 de dezembro e está detido no Presídio Militar Romão Gomes, na região Norte de São Paulo.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que “familiares da vítima foram ouvidos e diligências estão em andamento para identificar e qualificar a testemunha que esbarrou na vítima durante sua fuga do estabelecimento comercial, momentos antes de ser alvejado. A Polícia Militar acompanha as investigações, prestando apoio à Polícia Civil”.
“Caso as apurações apontem para a responsabilização criminal do policial militar, medidas administrativas serão adotadas, incluindo a possibilidade de processo disciplinar que poderá resultar na sua exclusão da Instituição.”
Com informações de Marcos Guedes, da CNN