No Brasil, existem inúmeros projetos que contam com o trabalho voluntário para ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade. Nesta quinta-feira (5), celebra-se o Dia Internacional do Voluntário, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1985 para homenagear esses esforços e incentivar mais pessoas a se engajarem em ações solidárias.
Um dos maiores exemplos de voluntariado no Brasil é a Instituição Amigos do Bem, que há mais de 30 anos transforma vidas no sertão nordestino com o apoio de mais de 10 mil voluntários, sendo a instituição com mais voluntários ativos no país.
A organização desenvolve iniciativas voltadas à educação, geração de renda, saúde, acesso à água e moradia, beneficiando mensalmente mais de 150 mil pessoas em 300 povoados nos estados de Alagoas, Pernambuco e Ceará.
A instituição mantém quatro Centros de Transformação, onde mais de 10 mil crianças e jovens participam diariamente de atividades educativas e culturais. Além disso, criou as “Cidades do Bem”, com infraestrutura completa em Alagoas, Pernambuco e Ceará, que oferecem moradias dignas para famílias que antes viviam em condições precárias.
Nas comunidades atendidas, os Amigos do Bem já construíram 123 cisternas e 75 poços artesianos, para assegurar o acesso à água para milhares de pessoas que antes percorriam longas distâncias em busca desse recurso. Segundo a organização, somente em um ano, mais de 1,3 bilhão de litros de água são distribuídos na região.
Alcione Albanesi, fundadora da instituição, destaca a importância da união entre sociedade civil, empresas e governo para enfrentar a desigualdade no Brasil, que ocupa o 8º lugar no ranking da ONU de desigualdade social.
“Chegamos até aqui com essa desigualdade por conta de uma omissão de todos nós, um olhar que não aconteceu de forma profunda. Nosso país é muito grande e o governo não consegue resolver sozinho. Então precisamos nos unir para cuidar das pessoas”
Alcione Albanesi
Com o lema “Se não posso fazer tudo que devo, devo, ao menos, fazer tudo o que posso”, a equipe de voluntários atua para tentar diminuir a fome e a miséria no sertão nordestino. Concentrados em São Paulo e em regiões do nordeste, os voluntários são divididos em 140 equipes de trabalho com diferentes atividades.
Eles se dedicam à arrecadação e distribuição de alimentos, triagem de doações, restauração de brinquedos e acompanhamento dos projetos.
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Instituição Amigos do Bem atua há mais de 30 anos e conta com o apoio de mais de 10 mil voluntários • Divulgação
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Instituição Amigos do Bem atua há mais de 30 anos e conta com o apoio de mais de 10 mil voluntários • Divulgação
Atendimentos médicos
A Instituição Amigos do Bem conta com uma rede de médicos voluntários, eles viajam todos os meses ao sertão nordestino para realizar atendimentos médicos e odontológicos nos Centros de Saúde da organização.
Além disso, os médicos também visitam povoados mais afastados para acompanhar de perto as famílias cadastradas na instituição. A organização também realiza a distribuição gratuita de medicamentos e óculos de grau. Por ano, são realizados mais de 190 mil atendimentos.
O médico e coordenador do projetos de saúde da instituição, Luiz Augusto Menegazzo, é um dos voluntários pioneiros, atuando desde a fundação do projeto em 1993. Ele relembra o início da iniciativa:
“A gente não pensava que o projeto tomaria essa magnitude. No início, eram viagens pontuais, mas, ao percebermos as necessidades das pessoas, tivemos que tomar uma atitude para tentar mudar a vida delas, e não apenas realizar atendimentos pontuais”
Luiz Augusto Menegazzo
O coordenador também destaca que os atendimentos dos médicos voluntários, embora sejam especialistas, são de caráter generalista para se adaptar às necessidades locais e das pessoas atendidas.
“Como essas regiões carecem de saneamento básico, a maioria das doenças está relacionada a essa falta”, explica Menegazzo
O coordenador também recorda histórias marcantes, como a de uma senhora no interior do Ceará que sofria de dores de cabeça intensas. Após ser encaminhada para exames mais complexos, foi diagnosticada com um tumor cerebral. Devido à intervenção dos médicos do projeto, sua vida foi salva.
“O que mais impacta é a melhoria na qualidade de vida que proporcionamos com o acompanhamento de saúde adequado. Minha motivação vem do desejo de transformar para melhor a realidade dessas pessoas”, finalizou Menegazzo.
Geração de emprego e renda
A instituição também construiu Fábricas de Beneficiamento de Castanha e de Doces, e Oficinas de Costura e Artesanato com o objetivo de gerar renda e desenvolver o potencial das regiões atendidas para garantir autonomia econômica às comunidades.
A organização gera mais de 1.500 empregos em 15 unidades produtivas no sertão e toda a receita obtida com a venda dos produtos é revertida para os projetos sociais da instituição. A meta é ampliar, nos próximos anos, tanto o atendimento às famílias quanto às oportunidades de emprego e renda na região.
A coordenadora da equipe responsável pela parte comercial, Thainá Araújo, explica as estratégias utilizadas para conseguir alavancar as vendas dos produtos.
“Fechamos parcerias com grandes redes de supermercados para comercializar a castanha dos Amigos do Bem, que é produzida no sertão e vendida em todo o Brasil”
Thainá Araújo
A coordenadora também contou que além das parcerias com supermercados, a instituição também faz parceria com restaurantes que oferecem aos clientes a possibilidade de doar diretamente para o projeto, ajudando a custear as ações realizadas.
“Essas iniciativas permitem que a organização se sustente e continue transformando vidas”, acrescentou Thainá.
Tradição familiar
Uma das características que mais chama atenção no projeto é a fidelidade dos voluntários, muitos dos quais permanecem na organização por longos períodos. Em alguns casos, a tradição de ajudar é passada de geração em geração dentro das famílias.
Thainá Araújo, coordenadora da área comercial, conta que seus pais participaram do projeto e que, desde pequena, ela também foi envolvida. Hoje, ela leva sua filha, Julia Ferrari, de apenas três anos, para participar das atividades.
“Minha filha adora, ela vai lá e organiza as castanhas nas gôndolas dos mercados. Tem dias em que ela pergunta: ‘Mamãe, hoje é dia de ir para os Amigos do Bem?’ Com três anos, ela já tem essa consciência”, afirmou.
“O bem se ensina, e acredito que o trabalho voluntário é uma grande oportunidade de transformação”, complementou Araújo.
Alcione Albanesi, fundadora da instituição, destacou que, dos mais de 10 mil voluntários que fazem parte do projeto, 30% estão com a organização desde o início e 50% há mais de 15 anos.
“Isso nos dá muito orgulho, porque manter voluntários é algo muito difícil, e estamos fazendo isso com muito êxito”, enfatizou.
Conquistas
A instituição Amigos do Bem também ingressou no Pacto Global da ONU no Brasil, uma iniciativa que visa mobilizar a comunidade empresarial para adotar e promover, em suas práticas de negócios, dez princípios universalmente aceitos nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e combate à corrupção.
Além disso, a fundadora da instituição, Albanesi, foi reconhecida como uma das primeiras líderes com impacto na erradicação da pobreza, um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
“O legado que quero deixar é o de ter colaborado para que outras pessoas pudessem viver com dignidade. Quero olhar para trás e ver que fui uma agente transformadora, capaz de melhorar a vida de outras pessoas”, declarou Albanesi.