O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, disse à CNN que os episódios de violência policial registrados na capital paulista nos últimos dias são “gravíssimos” e arranham a imagem do governo. Porém, “não arruínam” o trabalho feito nos últimos dois anos.
“Estou aborrecido e chateado com a repercussão. De fato, foram episódios gravíssimos que arranham a imagem, mas não arruínam todo o trabalho que a gente vem fazendo na Secretaria de Segurança Pública de São Paulo”, afirmou.
Derrite também afirmou que o aumento de confrontos entre policiais e criminosos é inevitável diante da “patrulha estratégica” implementada. E ressaltou que tudo que ele e o governador Tarcísio de Freitas não querem é comunicar familiares que policiais morrem em um conflito com “bandido”.
“Nossa gestão teve queda de homicídio, queda de roubo, aumento de prisão de infratores. Nossa patrulha hoje tem estratégia. Ela está onde o crime acontece. Por isso, acaba tendo mais confronto. Mas é tudo o que eu e o governador Tarcísio não queremos. A gente não quer entregar bandeira do Brasil para um pai, uma mãe, uma esposa porque o policial perdeu a vida em confronto com bandido”, destacou.
Derrite afirmou que as ações que repercutiram nos últimos dia – tanto a do policial que arremessou um suspeito de uma ponte quanto a do que atirou em um homem pelas costas – são inadmissíveis, mas não configuram “erro operacional”.
Apesar do argumento, o secretário afirma que uma comissão será criada para analisar eventuais erros. A ideia é manter uma equipe fixa, com participação do comandante, do subcomandante e do corregedor da Polícia Militar para analisar condutas inapropriadas e oferecer cursos e treinamentos.
Sobre os pedidos para que ele deixe a secretaria de segurança, Derrite diz ser alvo de uma politização com foco em 2026.
“Vejo um forte componente de politização do nosso trabalho já de olho em 2026, porque todos sabem que o Tarcísio é um forte candidato para o que ele quiser. Eu sou deputado e meus adversários sabem que posso até vir forte ao Senado ao lado de Eduardo Bolsonaro”, argumentou.
PM joga homem de cima de ponte
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um policial militar jogando um homem de uma ponte na zona sul de São Paulo. Segundo informações, o caso teria ocorrido na madrugada desta segunda-feira (2), na região de Cidade Ademar.
Nas imagens, é possível ver um policial pegando uma moto que está no chão e levantando. Outros dois agentes se aproximam. Depois, o primeiro PM encosta a moto perto da ponte. Na sequência, um quarto policial militar chega trazendo o homem. Ele se aproxima da beirada da ponte, segura o homem pela camiseta e o joga no rio. Veja abaixo.
De acordo com apuração da CNN, o homem jogado seria um motociclista que teria fugido de uma abordagem da PM em Diadema, no ABC. Os policiais que aparecem nas imagens pertencem ao 24º Batalhão de Diadema.
Outro vídeo que circula nas redes sociais mostra um corpo, com uma camiseta igual a do homem jogado pelo PM, boiando no mesmo rio. Ainda não há confirmação de que se trata da vítima.
O Ouvidor das Polícias de São Paulo informou que tomou conhecimento das imagens e pediu acesso às câmeras corporais dos PMs envolvidos na ocorrência, assim como o afastamento de todos eles das funções.
Tiros pelas costas
Novas imagens das câmeras de monitoramento do mercado Oxxo, na Avenida Cupecê, no bairro Jardim Prudência, zona Sul de São Paulo, mostram que Gabriel Renan da Silva Soares foi executado pelas costas pelo policial militar Vinicius de Lima Britto, em 3 de novembro.
A versão inicial apresentada pelo PM era de que o jovem teria feito menção de estar armado, o que, na versão dele, justificaria os disparos. Um atendente do mercado corroborou essa narrativa, alegando que Gabriel teria dito: “Não mexe comigo, que estou armado, não quero nada do que é seu.”
Veja o momento abaixo:
Entretanto, as novas imagens mostram que o jovem, que havia acabado de furtar itens de limpeza, escorregou quando tentou sair correndo do mercado e que em nenhum momento fez menção de estar armado. Nas imagens, também é possível concluir que não houve diálogo e que o policial acertou a vítima pelas costas.
Segundo a polícia civil, Soares foi atingido por 11 tiros. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que o policial militar está afastado das atividades operacionais e que o caso segue sob investigação pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). As imagens mencionadas foram captadas, juntadas aos autos e estão sendo analisadas para auxiliar na apuração dos fatos.
Ainda em nota, a SSP reforçou que “familiares da vítima foram ouvidos e diligências estão em andamento para identificar e qualificar a testemunha que esbarrou na vítima durante sua fuga do estabelecimento comercial, momentos antes de ser alvejado. A Polícia Militar acompanha as investigações, prestando apoio à Polícia Civil. Caso as apurações apontem para a responsabilização criminal do policial militar, medidas administrativas serão adotadas, incluindo a possibilidade de processo disciplinar que poderá resultar na sua exclusão da Instituição.”