Moradores do Jardim Miriam, na zona sul de São Paulo, relatam medo e indignação após um jovem de 25 anos ter sido arremessado por um policial militar em um córrego de aproximadamente três metros de altura.
O caso ocorreu na madrugada de segunda-feira (2) e reacendeu o debate sobre abusos policiais em comunidades periféricas e o despreparo de alguns policiais militares.
Segundo uma testemunha, que mora nas proximidades do córrego, a abordagem da polícia foi marcada pela violência.
“É triste, né? Nós somos pessoas trabalhadoras. Isso tem que mudar. Os polícias tinham que ter pegado ele e levado, e não arremessar no córrego. Eu fiquei com dó. É um lugar alto e, sem contar, que é um córrego fedorento”, disse.
O jovem, que reclamava de dores e dizia não sentir as pernas, foi socorrido por moradores, que o levaram para um hospital da região. “Quem ajudou foi a gente, porque a polícia pediu para ninguém ajudar. Eles disseram que, se ajudássemos, íamos apanhar”, contou outra moradora, que preferiu não se identificar.
Na manhã desta quarta-feira (4), o jovem já estava em casa, mas os moradores continuam apreensivos.
“A polícia sempre entra com muita violência aqui na comunidade. Agora ninguém quer falar, porque temos que conviver com essa realidade”, explicou um dos vizinhos.
O caso escancarou a tensão na região e reforçou o sentimento de desamparo entre os moradores, que alegam viver sob uma espécie de “lei do silêncio”.