A Justiça de São Paulo aceitou a primeira denúncia contra policiais militares envolvidos em um dos casos da Operação Verão, que deixou 56 mortos na Baixada Santista no início do ano. Dois policiais militares foram denunciados por homicídio qualificado e por abuso de poder.
A Operação Verão, desencadeada para combater a criminalidade durante o período de alta temporada na Baixada Santista, foi marcada por um número elevado de mortes em confrontos com a polícia. A ação visava reduzir os índices de roubos e apreender armas e drogas.
Desde o início da operação, em dezembro de 2023, foram registradas 56 mortes em supostos confrontos com a polícia. Além disso, a operação resultou na prisão de mais de mil pessoas, na apreensão de toneladas de drogas e armas de fogo.
Denúncia
A denúncia oferecida pelo Ministério Público contra os dois policiais militares que executaram um homem em Santos foi recebida pela Vara do Júri na última quinta-feira (21). A mesma decisão determinou que ambos os réus sejam afastados de trabalhos externos e mantidos apenas em funções administrativas na corporação.
Os dois policiais militares foram denunciados por homicídio qualificado pelo uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima e por abuso de poder.
Segundo Ministério Público, a versão apresentada pelos policiais, de que houve troca de tiros, foi considerada insustentável pela investigação.
Os promotores com atribuição no Tribunal do Júri e do Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública (GAESP) demonstram na denúncia que o crime foi praticado no contexto da Operação Verão, deflagrada pela Polícia Militar após o assassinato de um agente de segurança que realizava incursão no bairro Bom Retiro.
De acordo com a denúncia, ficou evidenciado que os acusados participaram de perseguição contra a vítima, abordando-a na Avenida Martins Fontes. Dentro do veículo que conduzia, o homem foi atingido por disparos efetuados pelos dois policiais a curta distância.
Em seguida, os réus simularam que tiros tinham sido dados de dentro para fora do carro, forjando um confronto que não ocorreu.
Relembre a “Operação Verão”
Desde o início da Operação Verão, em dezembro de 2023, 56 pessoas morreram em supostos confrontos com a polícia. A última morte registrada foi em 29 de março, onde um homem, de 22 anos, morreu durante uma ação da Polícia Militar de combate ao tráfico de drogas na Vila Santa Rosa, na cidade do Guarujá.
Desde dezembro, no início do reforço na segurança na Baixada com as férias de fim de ano, 1025 infratores foram presos, sendo quase a metade (438) procurada pela Justiça, além de 47 menores apreendidos.
As Polícias Civil e Militar também retiraram das ruas 2,6 toneladas de drogas e apreenderam 119 armas de fogo ilegais.
O trabalho resultou na redução da taxa de roubos em 25,8% em Santos, São Vicente e Guarujá no primeiro bimestre do ano, quando comparado ao do ano anterior.
A Operação Verão chegou ao fim em abril deste ano, onde Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública afirmou ter cumprido com seus objetivos: “A operação cumpriu os seus objetivos, seja capturar alvos identificados por um trabalho de inteligência conjunto entre as polícias como reduzir os índices criminais na Baixada Santista”.
