Nesta quinta-feira (7), a Polícia Civil de Goiás realiza uma operação pra cumprir 100 mandados judiciais, de prisão temporária e busca e apreensão, contra um grupo suspeito de aplicar o chamado “golpe do novo número”. Segundo as investigações, a quadrilha movimentou aproximadamente R$ 7,1 milhões em um ano de atividade.
Esta é a segunda fase da Operação Panitere, que conta com o apoio da Polícia Civil do Rio de Janeiro, por meio da 12ª DP (Copacabana).
As investigações tiveram início após o golpe sofrido pela mãe da modelo Caroline Trentini. Os golpistas se passaram pela famosa durante troca de mensagens e enganaram a mãe dela, já idosa, dizendo que o número utilizado pelos criminosos seria o novo contato da filha da vítima. Com a farsa, o grupo conseguiu um depósito de R$ 125 mil.
Na primeira fase da operação, seis pessoas foram presas.
Os policiais descobriram, então, uma grande rede criminosa composta, em grande parte, por ex-presidiários. O grupo aplicava o golpe em vítimas de todo o país, conseguindo obter R$ 7,1 milhões em um período de aproximadamente um ano. Ao todo, 47 pessoas são alvos da ação de hoje. Destes, 38 possuem mandados de prisão expedidos pela Justiça.
Nesta operação, segundo a polícia, são alvos não só as lideranças do grupo, mas também o cabeça responsável pela engenharia social enganando a vítima, o fornecedor de banco de dados de vítimas (grades), os aliciadores de contas bancárias, os responsáveis por fornecer contas para receber os valores das vítima e ainda os responsáveis por fornecer as contas de passagem de segundo nível para ocultarem a origem ilícita dos valores.
No Rio de Janeiro, conforme explicação do delega Ângelo Lages, titular da Delegacia de Polícia de Copacabana, foi preso um homem suspeito de ser responsável pela obtenção dos dados das vítimas.
“Ele obtia os dados, como telefone, o próprio nome da vítima, nome de parentes, para que depois outros integrantes fizessem contato com a vítima e começassem ali uma engenharia social. Nesse caso específico [da modelo Carol Trentini], eles se passaram pela vítima da filha, alegando que estava com um novo número”, conta odelegado.
Ainda de acordo com Lages, “depois que a vítima era ludibriada e passava os valores para os golpistas, eles passavam a pulverizar esses valores entre diversas contas bancárias, exatamente numa atividade típica de lavagem de dinheiro”.
Assim como milhares de brasileiros, a mãe de Carol Trentini foi vítima de um golpe no WhatsApp. O criminoso se passou pela modelo e convenceu sua mãe a fazer transferências bancárias.
“Essa história ainda mexe muito com a minha família. É muito triste. Eu estava em uma fase delicada vivendo um luto, e eles se aproveitaram disso. Os criminosos são extremamente profissionais, conversaram com a minha mãe do mesmo jeito que eu falo”, contou Carol, durante entrevista veiculada em maio de 2022 pelo No Lucro CNN.
A modelo afirmou que o dinheiro perdido na fraude era da venda da casa de seus pais, e que o golpe não causou apenas prejuízo financeiro, mas também trauma psicológico. “Era o dinheiro de uma vida da minha mãe e do meu pai. Graças a Deus, hoje não nos falta nada, mas de muita gente falta comida na mesa”, desabafou.
Depois do episódio, a modelo e sua família passaram a desconfiar sempre. Para se proteger, ela disse que nunca toma nenhuma decisão sem antes ver ou ouvir a pessoa: “Nada é tão urgente que não posso esperar”.