Sem nenhuma evidência, o procurador-geral do Ministério Público da Venezuela, Tarek William Saab, afirmou neste sábado (26) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “manipulou” o corte na cabeça que sofreu antes da cúpula dos Brics para vetar a entrada do governo de Nicolás Maduro, e disse que o líder brasileiro deve ser investigado.
“Fontes diretas e próximas do Brasil me informam que o presidente Lula da Silva manipulou um suposto acidente para usá-lo de álibi com o fim de não participar da recente Cúpula dos Brics”, escreveu o procurador-geral, em um texto assinado por ele, no perfil do Ministério Público em redes sociais.
Saab afirmou que a “versão” do acidente que impediu Lula de viajar “não foi nada além de um engano para perpetrar o veto contra a Venezuela, eludindo sua responsabilidade com o presidente [Vladimir] Putin, os demais presidentes presentes e, em particular, o presidente Nicolás Maduro Moros”.
O procurador-geral sustenta sua acusação com a publicação de um vídeo do primeiro ato público do qual Lula participou desde o acidente doméstico que sofreu há uma semana e que o impediu de viajar à Rússia para participar da Cúpula dos Brics na Rússia.
As pessoas que estiveram presentes no evento puderam ver a cicatriz na cabeça do presidente. Próximo à nuca era possível ver o machucado, com cinco pontos.
Mas para Saab, Lula “reaparecer sorridente e ileso, deixa em evidência que utilizou o tal ‘acidente’ para mentir para o Brasil, para os Brics e para o mundo inteiro, fato pelo qual deveria ser investigado.”
“O que circulou com muita força como rumor, lamentavelmente parece ser corroborado com um vídeo difundido ontem, onde o presidente Lula é visto saudável, em uso de suas faculdades e atuando com total cinismo”, escreveu Saab.
O procurador-geral disse ainda que existe um “grande mal-estar na esquerda latino-americana” pelo que qualificou como uma “indigna e nefasta atuação” do governo brasileiro ao “vetar e agredir covardemente a Venezuela”. Saab acusou Lula de seguir “de maneira obediente às instruções dos inimigos históricos” do povo venezuelano.
Recentemente, Saab gerou polêmica ao afirmar que Lula se tornou um porta-voz da “esquerda cooptada pela CIA”. Ele e o governo venezuelano emitiram, posteriormente, comunicados esclarecendo que essa posição é somente do procurador-geral e não representa a opinião do governo Maduro.
A chancelaria venezuelana qualificou, na última quinta (24), como uma “agressão” e um “gesto hostil” a postura brasileira de vetar a entrada da Venezuela nos Brics.
Em comunicado, a pasta expressou que o povo venezuelano sente “indignação e vergonha por esta agressão inexplicável e imoral da chancelaria brasileira (Itamaraty), mantendo o pior das políticas de Jair Bolsonaro contra a Revolução Bolivariana”.
O governo brasileiro evita comentar a postagem. Fontes diplomáticas ouvidas pela CNN afirmam que a orientação, pelo menos por ora, é ignorar e evitar repercutir a publicação.
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