Os países reunidos na Cúpula dos Brics aprovaram nesta quarta-feira (23) a entrada de 13 novos integrantes ao bloco de cooperação mútua. A Rússia, que ocupa a presidência rotativa do grupo neste ano, agora será responsável por convidar os novos integrantes.
Eles serão consultados sobre o desejo de integrar o bloco como Estados Parceiros. Todos ainda precisam aceitar formalmente a inclusão. Só depois disso é que começa o processo de entrada. Essa categoria dá direito à participação nos fóruns multilaterais, mas em caso de divergências, a palavra final será dos integrantes plenos.
Estão no grupo: Turquia, Indonésia, Argélia, Belarus, Cuba, Bolívia, Malásia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã, Nigéria e Uganda.
Há possibilidade de ruído com dois desses convites: à Turquia e à Indonésia. A avaliação é de que Ancara ocuparia uma posição grande demais no cenário internacional para a classificação de Estado Parceiro. E, no caso da Indonésia, o país já havia sido convidado no ano passado a ser um Estado Pleno.
Na cúpula do ano passado, a Argentina recebeu um convite, mas o governo de Javier Milei abandonou o processo quando chegou à Casa Rosada. Situação parecida com a da Arábia Saudita, que tem cozinhado em banho-maria o processo de adesão ao bloco desde o ano passado.
Uma possível inclusão da Venezuela no bloco sequer foi mencionada durante as discussões formais da cúpula. O presidente russo Vladimir Putin leu nominalmente cada país convidado. Em nenhum momento o líder do Kremlin citou a Venezuela e os outros chefes de Estado também não pediram a inclusão de Caracas na lista.
Nos últimos dias, a diplomacia brasileira atuou para barrar o convite à república bolivariana, apelando ao princípio do consenso dentro do grupo.
Ainda na reunião desta quarta-feira, os integrantes do bloco demonstraram uma defesa generalizada de um novo sistema alternativo de pagamentos internacionais, em substituição ao Swift — sistema que comanda as transações internacionais atualmente.
Essa postura, aliada aos incentivos para a ampliação de contratos negociados em moedas dos países do bloco, representa um desafio à soberania do dólar no comércio internacional.
O novo modelo beneficiaria, em especial, a economia russa, alvo de múltiplas sanções unilaterais dos Estados Unidos e de países europeus.
Ainda durante as negociações, ganhou força a proposta do Brasil e da China para o fim da guerra da Ucrânia. A iniciativa sino-brasileira inclui um plano de seis pontos que exigiria uma negociação direta entre a Rússia e a Ucrânia — o que o governo de Zelensky e os aliados ocidentais de Kiev afirmam ser uma sugestão “pró-Rússia”.