A Cúpula dos Brics, realizada em Kazan, na Rússia, está revelando tensões internas entre os países membros do bloco. Segundo o analista sênior de assuntos internacionais Américo Martins, alguns países, como Rússia e China, estão buscando transformar o grupo em uma força antiocidental, enquanto outros, como o Brasil, mantêm uma postura mais moderada.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou ao encontro com uma agenda focada em reformas globais, incluindo a reestruturação do Conselho de Segurança da ONU. Essa pauta, juntamente com o combate à fome e à desigualdade, é compartilhada em princípio por todos os membros do Brics.
Divergências internas
Apesar do aparente consenso, Martins aponta que “o problema está nos detalhes”. As visões sobre como implementar essas reformas variam significativamente entre os países. Enquanto Rússia e China parecem inclinar-se para uma postura de confronto em relação ao Ocidente, Brasil, Índia e África do Sul – as democracias do grupo – preferem uma abordagem mais equilibrada.
A possível expansão do bloco também tem gerado debates. A presença do presidente venezuelano Nicolás Maduro na cúpula levantou especulações sobre a potencial adesão da Venezuela ao Brics. No entanto, o Brasil mantém sua posição contrária a essa inclusão, apesar do forte apoio que Maduro recebe de Rússia e China.
Interesses econômicos e geopolíticos
O analista ressalta que o interesse do Brics em expandir-se não se limita apenas a alianças ideológicas. Países com grandes potenciais econômicos, como a Venezuela com suas vastas reservas de petróleo, são vistos como atrativos para o bloco, independentemente de suas orientações políticas.
A cúpula em Kazan se torna, assim, um palco de negociações complexas, onde interesses econômicos se entrelaçam com ambições geopolíticas. O resultado dessas discussões poderá definir não apenas o futuro do Brics, mas também seu posicionamento no cenário internacional.
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