Após a queda de um avião da FAB, nesta terça-feira (22), no Rio Grande do Norte, em que o piloto de um caça, que estava em treinamento, conseguiu ejetar e se salvar de um acidente aéreo, trouxe alguns questionamentos em relação à não adaptação destes recursos em outras aeronaves.
A ausência de sistemas de ejeção em aviões comerciais pode parecer estranha à primeira vista, especialmente considerando os filmes de ação que popularizaram essa ideia. No entanto, a explicação envolve uma série de fatores técnicos e logísticos.
Imagine a complexidade de equipar um avião de grande porte com assentos ejetáveis para todos os passageiros. O peso adicional seria imenso, exigindo modificações profundas na estrutura da aeronave. Além disso, a sincronização de todos esses sistemas para funcionar em caso de emergência seria um desafio técnico monumental.
A CNN conversou com Enio Beal Jr, piloto de caça, que explicou as complexidades desse tipo de recurso em um voo comercial.
“Não há como um avião ter um assento ou uma cabine de passageiros ejetável. (…) Imagine o tamanho que seria isso, o peso, a complexidade do equipamento e o tamanho do espaço para levar esse pessoal todo até o chão”, explica.
Fotos: queda de avião da FAB
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Explosão após o acidente no RN. • Reprodução/Redes sociais
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Caça da Força Aérea Brasileira cai no Rio Grande do Norte. • Reprodução/Redes sociais
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Caça da Força Aérea Brasileira cai no Rio Grande do Norte. • Reprodução/Redes sociais
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Caça da Força Aérea Brasileira cai no Rio Grande do Norte. • Reprodução/Redes sociais
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Caça da Força Aérea Brasileira cai no Rio Grande do Norte. • Reprodução/Redes sociais
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O acidente ocorreu na cidade de Parnamirim, que faz divisa com Natal. • Reprodução
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Avião da FAB cai na Grande Natal; não há informação sobre mortos. • Reprodução
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Aeronave caiu em área de mata que fica ao lado de condomínios residenciais • Reprodução
Função militar e impossibilidade de sistema para todos
Nos aviões de caça, a presença de assentos ejetáveis é justificada pela natureza das missões. Pilotos de caça enfrentam riscos constantes, como ataques inimigos e manobras arriscadas. O assento ejetável é um equipamento de segurança essencial para salvar vidas em situações extremas.
“O voo num avião de caça é muito mais arriscado”, afirma Enio, que explica que o recurso foi criado para aviões utilizados em combates.
Para o especialista, a ideia de um sistema de ejeção para cada passageiro em um avião comercial é ainda mais absurda. A estrutura da aeronave precisaria ser completamente redesenhada, e a sincronização de centenas de ejeções seria praticamente impossível.
Fotos: como era o caça da FAB que caiu
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Modelo que caiu no Rio Grande do Norte foi adquirido em 1973 • Divulgação/Força Aérea Brasileira
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Modelo que caiu no Rio Grande do Norte foi adquirido em 1973 • Divulgação/Força Aérea Brasileira
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Modelo que caiu no Rio Grande do Norte foi adquirido em 1973 • Divulgação/Força Aérea Brasileira
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Modelo que caiu no Rio Grande do Norte foi adquirido em 1973 • Divulgação/Força Aérea Brasileira
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Modelo que caiu no Rio Grande do Norte foi adquirido em 1973 • Divulgação/Força Aérea Brasileira
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Modelo que caiu no Rio Grande do Norte foi adquirido em 1973 • Divulgação/Força Aérea Brasileira
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“Não haveria como ter um assento ejetável para cada passageiro. Quem iria comandar? Até em aviões de mais de um assento, existe uma sequência entre eles”, explica o piloto de caças.
No exemplo citado acima, Enio diz que aviões de caça, com mais de um assento deve respeitar a ordem de trás para frente. Sendo a última posição, a primeira que deve deixar a aeronave em caso de necessidade.
Ainda que seja um recurso exclusivo do meio militar, o especialista pondera que nem todos os aviões militares possuem assentos ejetáveis. E acrescenta que nem todo piloto militar é um piloto de caça.
“Nem mesmo os aviões de transporte militar tem assento ejetável. O assento ejetável é um equipamento específico para aeronaves de combate”, finaliza Enio.