O Hezbollah disse nesta terça-feira (22) que não haverá negociações enquanto os combates continuarem com Israel e reivindicou a autoria por um ataque de drone à casa de férias do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
O grupo “assume total e exclusiva responsabilidade” por atingir a casa de Netanyahu, afirmou Mohammad Afif, chefe do escritório de mídia do grupo apoiado pelo Irã, em uma entrevista coletiva nos subúrbios ao sul de Beirute.
“Se nossas mãos não chegaram até você da última vez, então dias, noites e o campo de batalha ainda estão entre nós”, adicionou.
Israel confirmou que um drone atingiu casa de férias de Netanyahu. O premiê não estava lá na hora, mas descreveu o caso como uma tentativa de assassinato pelo Hezbollah e chamou a ação de “erro grave”.
Captura de combatentes do Hezbollah
O grupo libanês também reconheceu pela primeira vez que Israel capturou alguns de seus combatentes desde que lançou uma ofensiva terrestre no sul do Líbano, e disse que Israel é responsável pelos estados de saúde.
O Hezbollah não capturou nenhum soldado israelense, mas chegou perto, segundo Afif. “Não vai demorar muito para termos prisioneiros do inimigo [Israel]”.
Ele também negou que a Associação Al-Qard Al-Hassan esteja envolvida no financiamento de salários ou armas do Hezbollah e cumpriria suas obrigações com os clientes integralmente, mesmo depois que Israel a atacou com cerca de 30 ataques no domingo.
Israel e os EUA pontuam que a Al-Qard Al-Hassan, que tem mais de 30 pontos de venda no Líbano, é usada pelo Hezbollah para lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, afirmações que o grupo nega.
Entenda a escalada nos conflitos do Oriente Médio
O ataque com mísseis do Irã a Israel no dia 1º de outubro marcou uma nova etapa do conflito regional no Oriente Médio. De um lado da guerra está Israel, com apoio dos Estados Unidos. Do outro, o Eixo da Resistência, que recebe apoio financeiro e militar do Irã e que conta com uma série de grupos paramilitares.
São sete frentes de conflito abertas atualmente: a República Islâmica do Irã; o Hamas, na Faixa de Gaza; o Hezbollah, no Líbano; o governo Sírio e as milícias que atuam no país; os Houthis, no Iêmen; grupos xiitas no Iraque; e diferentes organizações militantes na Cisjordânia.
Israel tem soldados em três dessas frentes: Líbano, Cisjordânia e Faixa de Gaza. Nas outras quatro, realiza bombardeios aéreos.
O Exército israelense iniciou uma “operação terrestre limitada” no Líbano no dia 30 de setembro, dias depois de Israel matar o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um bombardeio ao quartel-general do grupo, no subúrbio de Beirute.
As Forças de Defesa de Israel afirmam que mataram praticamente toda a cadeia de comando do Hezbollah em bombardeios semelhantes realizados nas últimas semanas.
No dia 23 de setembro, o Líbano teve o dia mais mortal desde a guerra de 2006, com mais de 500 vítimas fatais.
Ao menos dois adolescentes brasileiros morreram nos ataques. O Itamaraty condenou a situação e pediu o fim das hostilidades.
Com o aumento das hostilidades, o governo brasileiro anunciou uma operação para repatriar brasileiros no Líbano.
Na Cisjordânia, os militares israelenses tentam desarticular grupos contrários à ocupação de Israel ao território palestino.
Já na Faixa de Gaza, Israel busca erradicar o Hamas, responsável pelo ataque de 7 de outubro que deixou mais de 1.200 mortos, segundo informações do governo israelense. A operação israelense matou mais de 40 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas.
O líder do Hamas, Yahya Sinwar, foi morto pelo Exército israelense no dia 16 de outubro, na cidade de Rafah.
O que se sabe sobre o ataque do Irã contra Israel