Israel confirmou a morte de Yahya Sinwar, líder máximo do Hamas, nesta quinta-feira (17).
Autoridades dos Estados Unidos esperam que a morte de Sinwar possa proporcionar a Israel a abertura política necessária para um acordo cessar-fogo.
Mas, dependendo de quem o suceder, segundo fontes, pode ter um impacto significativo sobre se o Hamas estará disposto a retomar negociações com Israel a respeito da suspensão dos combates e a libertação de reféns.
Quem comandará o Hamas?
Mohammed Sinwar, irmão de Yahya Sinwar, é um dos comandantes veteranos mais graduados do braço armado do Hamas. Nascido em 1975, ele raramente apareceu em público ou falou à mídia.
Tal como o irmão, tem sido um dos principais alvos da lista de procurados de Israel e, segundo fontes do Hamas, sobreviveu a vários atentados contra a sua vida, incluindo ataques aéreos e com bombas à beira de estradas.
Uma autoridade dos EUA pontuou que, se Mohammed assumir o comando do Hamas, “as negociações estarão totalmente perdidas”.
Mohammed Sinwar, de acordo com uma ex-autoridade americana, pertence à mesma linha dura que o irmão e supervisionou a rede de construção de túneis do Hamas.
Outra possibilidade é Khalil Al Hayya, que tem sido um dos principais negociadores do Hamas durante as conversas de cessar-fogo realizadas em Doha.
Por causa disso, ele é “provavelmente quem os EUA gostariam”, conforme uma ex-autoridade. Al Hayya assumiu como principal negociador após o assassinato de Ismael Haniyeh em Teerã, em julho, supostamente por Israel.
Hayya estava na mesma residência quando Haniyeh foi atingido por um projétil de curto alcance, segundo a Guarda Revolucionária do Irã, mas não no mesmo apartamento no momento do ataque.
Uma terceira opção seria Khaled Meshaal – uma escolha óbvia para o Hamas, mas improvável devido ao seu apoio a uma revolta sunita contra o presidente sírio, Bashar al Assad, no passado.
O episódio causou uma rixa entre o Hamas e xiitas, e também prejudicou as ambições de liderança de Meshaal.
Meshaal liderou anteriormente o Hamas entre 2004 e 2017. Ele se tornou conhecido em todo o mundo em 1997, quando agentes israelenses injetaram veneno nele na capital da Jordânia, Amã, em uma missão de assassinato fracassada.
Ele está agora baseado no Catar com vários outros altos funcionários do Hamas.
Figura de longa data no Hamas, Yahya Sinwar nasceu em 1962 em um campo de refugiados em Khan Younis, no sul de Gaza.
Ele foi responsável pela construção do braço militar do grupo antes de formar novos laços importantes com as potências árabes regionais como líder civil e político.
Sinwar foi eleito para o principal órgão de decisão do Hamas, o Politburo, em 2017, como líder político do Hamas em Gaza.
No entanto, desde então tornou-se o líder de fato do Politburo, de acordo com uma pesquisa do Conselho Europeu de Relações Exteriores (ECFR, na sigla em inglês).
Ele foi designado terrorista global pelo Departamento de Estado dos EUA desde 2015 e foi sancionado pelo Reino Unido e pela França.
Saiba mais sobre quem foi Yahya Sinwar através desta matéria.
Entenda a escalada nos conflitos do Oriente Médio
O ataque com mísseis do Irã a Israel no dia 1º de outubro marcou uma nova etapa do conflito regional no Oriente Médio. De um lado da guerra está Israel, com apoio dos Estados Unidos. Do outro, o Eixo da Resistência, que recebe apoio financeiro e militar do Irã e que conta com uma série de grupos paramilitares.
São sete frentes de conflito abertas atualmente: a República Islâmica do Irã; o Hamas, na Faixa de Gaza; o Hezbollah, no Líbano; o governo Sírio e as milícias que atuam no país; os Houthis, no Iêmen; grupos xiitas no Iraque; e diferentes organizações militantes na Cisjordânia.
Israel tem soldados em três dessas frentes: Líbano, Cisjordânia e Faixa de Gaza. Nas outras quatro, realiza bombardeios aéreos.
O Exército israelense iniciou uma “operação terrestre limitada” no Líbano no dia 30 de setembro, dias depois de Israel matar o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um bombardeio ao quartel-general do grupo, no subúrbio de Beirute.
As Forças de Defesa de Israel afirmam que mataram praticamente toda a cadeia de comando do Hezbollah em bombardeios semelhantes realizados nas últimas semanas.
No dia 23 de setembro, o Líbano teve o dia mais mortal desde a guerra de 2006, com mais de 500 vítimas fatais.
Ao menos dois adolescentes brasileiros morreram nos ataques. O Itamaraty condenou a situação e pediu o fim das hostilidades.
Com o aumento das hostilidades, o governo brasileiro anunciou uma operação para repatriar brasileiros no Líbano.
Na Cisjordânia, os militares israelenses tentam desarticular grupos contrários à ocupação de Israel ao território palestino.
Já na Faixa de Gaza, Israel busca erradicar o Hamas, responsável pelo ataque de 7 de outubro que deixou mais de 1.200 mortos, segundo informações do governo israelense. A operação israelense matou mais de 40 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas.
Alex Marquardt, da CNN, contribuiu para esta matéria
Quem é Ismail Haniyeh, líder político do Hamas morto no Irã
*com informações da Reuters