Luz de velas e cinco lances de escada pra ter acesso a um balde de água. Desde a última sexta-feira (11), essa tem sido a rotina da aposentada Lucilene Ferraz, de 55 anos, moradora da Vila Erna, na zona sul da capital paulista.
O prédio onde ela mora já está há mais de 64 horas sem energia, desde a forte chuva que atingiu a cidade na noite de sexta.
Lucilene mora com a mãe, que é idosa, no quinto andar do prédio, que tem treze pavimentos. Por conta da falta de energia, as bombas que fazem a água subir até os apartamentos também estão sem funcionar, fazendo com que os moradores tenham que descer e subir os lances de escada para ter acesso a baldes de água.
De acordo com a moradora, o prédio só tem um pequeno gerador, que está sendo usado para iluminar as escadas em algumas horas do dia. “Tenho que descer com a vela na mão [pra buscar água]. O gerador fica ligado das 6h às 10h, e depois das 18h às 22h, porque não aguenta”, conta.
A mãe de Lucilene, que tem 86 anos, não consegue descer as escadas para ajudar a trazer os baldes. Por isso, a moradora precisa fazer a viagem várias vezes ao dia para conseguir ter um pouco de água para tomar banho e limpar o pouco que consegue da casa.
Alimentos estragados
Sem energia, Lucilene recorreu à compra de sacos de gelo e caixas de isopor para armazenar os alimentos que tinha em sua geladeira. Porém, o gelo não suportou a quantidade de horas sem energia, derreteu e acabou estragando várias marmitas que a aposentada havia deixado prontas.
Alimentos como verduras e hortaliças também foram todos perdidos. Veja abaixo um relato dela.
Para iluminar a casa durante à noite, Lucilene recorreu às velas, mas contou que o produto já está em falta nos mercados da região, assim como os sacos de gelo.
“As pessoas não aguentam mais tanta sujeira, falta de água, comida estragando. Está horrível”.
Sem previsão de retorno da luz
O Procon-SP afirmou que notificou a Enel, concessionária responsável pelo serviço de energia na capital, para dar explicações sobre as medidas emergências adotadas para retomar o fornecimento de luz.
Agora, a empresa terá 48 horas para encaminhar esclarecimentos sobre o atendimento aos consumidores e providências operacionais adotadas para atender à emergência.
De acordo com o órgão, consumidores podem cobrar a empresa por perdas financeiras.
A CNN questionou a Enel sobre a falta de energia há mais de 64 horas no bairro da Vila Erna, mas não houve resposta. A empresa também não deu nenhuma previsão de retorno do serviço aos moradores.
Na última atualização divulgada, a Enel afirmou que 537 mil clientes seguem sem energia no estado; cerca de 354 mil clientes só na capital.