Israel reconheceu que atingiu a sede da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL) em Naqoura, sul do país, nesta sexta-feira (11), ferindo dois “soldados da paz”, que foram transferidos para hospitais no Líbano.
A porta-voz da UNIFIL, Andrea Tenenti, disse a Becky Anderson, da CNN, que um dos soldados ficou gravemente ferido na explosão — a segunda contra a sede em 48 horas — após ser atingido no estômago por estilhaços.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram em um comunicado nesta sexta que seus soldados “identificaram uma ameaça imediata contra eles” e “responderam com fogo contra a ameaça”.
“Horas antes do incidente, as FDI instruíram o pessoal da UNIFIL a entrar em espaços protegidos e permanecer lá. Esta instrução estava em vigor no momento do incidente”, comentaram os militares.
A preocupação já estava crescendo com a segurança dos “soldados da paz” no sul do Líbano depois que a ONU acusou as tropas israelenses de ferir dois funcionários da UNIFIL na quinta-feira (10).
Em uma declaração nesta sexta-feira, a UNIFIL disse que várias paredes de concreto usadas para proteger uma posição da ONU perto da Linha Azul, na vila de Labbouneh, no sudoeste do Líbano, desabaram quando uma escavadeira blindada israelense atingiu seu perímetro.
Isso aconteceu após o que “tanques das FDI se moveram nas proximidades da posição da ONU”.
Em uma declaração no X, os militares israelenses destacaram que foram notificados que dois soldados da paz foram “inadvertidamente feridos durante o combate das FDI contra o Hezbollah no sul do Líbano”.
Os ferimentos nas tropas da ONU geraram condenação internacional, incluindo da França e da Irlanda, dois países com contingentes de seus Exércitos nacionais na missão de manutenção da paz no Líbano.
Nesta sexta-feira, o Ministério das Relações Exteriores da França convocou o embaixador israelense em Paris sobre o assunto.
Entenda a escalada nos conflitos do Oriente Médio
O ataque com mísseis do Irã a Israel no dia 1º marcou uma nova etapa do conflito regional no Oriente Médio. De um lado da guerra está Israel, com apoio dos Estados Unidos. Do outro, o Eixo da Resistência, que recebe apoio financeiro e militar do Irã e que conta com uma série de grupos paramilitares.
São sete frentes de conflito abertas atualmente: a República Islâmica do Irã; o Hamas, na Faixa de Gaza; o Hezbollah, no Líbano; o governo Sírio e as milícias que atuam no país; os Houthis, no Iêmen; grupos xiitas no Iraque; e diferentes organizações militantes na Cisjordânia.
Israel tem soldados em três dessas frentes: Líbano, Cisjordânia e Faixa de Gaza. Nas outras quatro, realiza bombardeios aéreos.
O Exército israelense iniciou uma “operação terrestre limitada” no Líbano no dia 30 de setembro, dias depois de Israel matar o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um bombardeio ao quartel-general do grupo, no subúrbio de Beirute.
As Forças de Defesa de Israel afirmam que mataram praticamente toda a cadeia de comando do Hezbollah em bombardeios semelhantes realizados nas últimas semanas.
No dia 23 de setembro, o Líbano teve o dia mais mortal desde a guerra de 2006, com mais de 500 vítimas fatais.
Ao menos dois adolescentes brasileiros morreram nos ataques. O Itamaraty condenou a situação e pediu o fim das hostilidades.
Com o aumento das hostilidades, o governo brasileiro anunciou uma operação para repatriar brasileiros no Líbano.
Na Cisjordânia, os militares israelenses tentam desarticular grupos contrários à ocupação de Israel ao território palestino.
Já na Faixa de Gaza, Israel busca erradicar o Hamas, responsável pelo ataque de 7 de outubro que deixou mais de 1.200 mortos, segundo informações do governo israelense. A operação israelense matou mais de 40 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas.
O líder do Hamas, Yahya Sinwar, segue escondido em túneis na Faixa de Gaza, onde também estariam em cativeiro dezenas de israelenses sequestrados pelo Hamas.