Apesar de não ser rota de furacões, o Brasil foi atingido por fenômeno desse tipo há pouco mais de 20 anos. Nos dias 27 e 28 de março de 2024, o furacão Catarina passou pelo sul de Santa Catarina e pelo litoral Norte do Rio Grande do Sul. Segundo registros da época, 11 pessoas morreram e 14 municípios decretaram situação de emergência.
Até agora, o Catarina é o único furacão registrado oficialmente não só no Brasil, como no Atlântico Sul.
Um artigo científico publicado em 2005 por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) informa que “basicamente, o Catarina iniciou-se como um ciclone extratropical, a aproximadamente 1.000 km da costa brasileira, e gradualmente adquiriu características de um furacão, apresentando um formato circular em seu núcleo, com um ‘olho’ bem definido, atingindo a costa catarinense e gaúcha com ventos extremamente severos”.
Segundo a Defesa Civil de Santa Catarina, os ventos provocados pela passagem do furacão chegaram a 180 km/h. De acordo com o Centro de Estudos e Pesquisas em Engenharia e Defesa Civil da Universidade Federal de Santa Catarina (Ceped/UFSC), 250 mil pessoas foram afetadas e 26.443 ficaram desabrigadas ou desalojadas.
Ainda conforme o Ceped/UFSC, 38 municípios catarinenses e gaúchos foram afetados pelo furacão. Entre as cidades que tiveram mais danos estão Passos de Torres, Balneário Gaivota e Balneário Arroio do Silva, todos em Santa Catarina.
A passagem do Catarina pelo Brasil pegou os cientistas de surpresa. “Até então, a comunidade meteorológica acreditava que furacões não ocorriam no Oceano Atlântico Sul devido a vários fatores, dentre os quais a baixa temperatura da superfície do mar e aos ventos desfavoráveis nos níveis mais altos da troposfera”, diz trecho de dissertação publicada em 2010 pelo pesquisador Clóvis Roberto Levien Corrêa, mestre em meteorologia pela Universidade Federal de Pelotas.
“Eu lembro das cenas do caminho, árvores caindo, telha voando, e a gente desviando para chegar no quartel e prestar apoio. As pessoas tentavam fugir do furacão e nós saímos de casa para cumprir nosso juramento de prestar socorro a qualquer pessoa e fazer nosso trabalho, mesmo com o risco da própria vida”, afirmou o tenente-coronel Henrique Piovezam da Silveira, do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina, em declaração veiculada na página oficial do governo do estado na internet.
Imagens publicadas pela Defesa Civil de Santa Catarina mostram os estragos provocados pelo furacão. Veja abaixo:
Os prejuízos financeiros provocados pelo fenômeno são estimados em aproximadamente R$ 211,4 milhões.