O primeiro transplante de útero bem-sucedido entre pacientes vivas foi realizado pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, no último dia 17 de agosto.
Uma mulher que havia nascido sem o órgão devido a uma síndrome rara de má-formação congênita, recebeu o órgão da própria irmã.
O procedimento representa um avanço significativo da medicina reprodutiva e foi conduzido pela Divisão de Ginecologia e pelo Serviço de Transplante de Fígado e Órgãos do Aparelho Digestivo do HCFMUSP.
O responsável pela cirurgia, doutor Luiz Augusto Carneiro D’Albuquerque contou que a cirurgia correu bem e sem imprevistos.
“As pacientes encontram-se em ótimo estado geral, mostrando recuperação completa e tendo a receptora apresentado ciclo menstrual pela primeira vez”, disse.
A iniciativa ocorreu em parceria com uma equipe médica sueca chefiada por Mats Brännström, precursor na realização de transplante uterino no mundo e que possibilitou o nascimento do primeiro bebê a partir de um útero transplantado, em 2014.
A paciente que recebeu o útero seguirá sendo acompanhada por uma equipe de Ginecologia do HCFMUSP e poderá realizar a primeira fertilização in vitro (FIV) cerca de seis meses após o transplante uterino.
O diretor de Ginecologia do Hospital das Clínicas, Edmund Baracat, explica que o transplante é psicologicamente muito importante para mulheres que não possuem útero, mas ressalta que a indicação é restrita.
“Trata-se de um procedimento inovador, complexo e de alto custo. É preciso que a mulher tenha boas condições clínicas e que o casal possa gerar embriões saudáveis. Na fase pré-transplante, foram efetuadas a estimulação ovariana e a coleta dos óvulos da paciente, bem como do sêmen do marido, para a fertilização in vitro”, afirma.