Em um ano, o Brasil registrou pelo menos 92 ameaças graves de ataques a unidades de ensino. O dado faz parte de um levantamento compilado pela Polícia Civil de Santa Catarina. A CNN teve acesso ao relatório.
Desde agosto do ano passado, o estado utiliza o sistema CyberPC para identificar ameaças na internet, como em redes sociais ou fóruns onlines. Os números correspondem a ameaças e incitações e não, necessariamente, a planos elaborados de ataques.
Apenas em Santa Catarina, foram identificadas 38 incitações. O sistema começou a ser utilizado em agosto do ano passado, no âmbito do Laboratório de Inteligência Cibernética da polícia Civil de Santa Catarina.
Foi instituído após, em abril, um homem de 25 anos invadir uma creche em Blumenau e matar quatro crianças. O sistema monitora fóruns e grupos e emite alertas quando identifica ameaças ou incitações de violência para a delegacia de crimes virtuais de Santa Catarina.
A tecnologia atua em paralelo ao Sistema Nacional de Acompanhamento e Combate à Violência nas Escolas (SNAVE), do Ministério da Justiça. Além de Santa Catarina, os estados em que foram identificadas mais ameaças foram São Paulo, Minas Gerais, Ceará, Rio Grande do Sul, Pará e Distrito Federal.
O sistema também localizou quatro episódios no exterior: em Portugal, México, França e Itália. Nos quatro países, a força policial emitiu alertas às autoridades estrangeiras. Na Itália, por exemplo, foi identificada uma ameaça a uma escola na Toscana. A Polícia Civil entrou em contato com as autoridades italianas que atuaram contra o suspeito.
“Tenho imenso orgulho da Polícia Civil. Recentemente, demonstrou sua excelência, tanto no Brasil quanto no exterior, ao utilizar o sistema CyberPC para interceptar ameaças graves”, disse o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello.
MASP
As ameaças identificadas não foram apenas contra unidades de ensino. No total, a polícia civil de Santa Catarina encontrou 137 episódios, um deles, por exemplo, contra o Museu de Arte de São Paulo, o MASP.
O sistema tecnológico identificou, em um fórum da internet, um plano para o lançamento de um artefato explosivo no museu, em fevereiro deste ano.
O atentado seria deflagrado durante uma manifestação na Avenida Paulista, quando haveria uma grande concentração de pessoas.
Segundo apurou a CNN Brasil, o plano foi discutido em um fórum com histórico de mensagens de violência contra grupo minoritários.
A força policial informou, na época, o governo de São Paulo, que atuou para evitar que a ameaça fosse levada adiante.
Prisões
A identificação de ameaças levou à deflagração, em um ano, de 33 operações policiais. Elas levaram, por exemplo, a oito prisões, em estados como Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul.
No total, foram realizadas também treze buscas e apreensões, incluindo diligências em Portugal e na Itália, bem como visitas às residências de autores de ameaças.