Aproximadamente 60 jovens fizeram um protesto em frente ao Colégio Bandeirantes, na zona sul de São Paulo, na manhã desta segunda-feira (19).
O ato aconteceu após a morte de um adolescente de 14 anos, ocorrida no último dia 12 de agosto. A informação sobre a morte foi confirmada pela escola.
Ele era aluno do 9° ano do ensino fundamental na instituição e, de acordo com apuração da CNN, o jovem sofria bullying e homofobia. A morte ocorreu fora das dependências do colégio, segundo o Bandeirantes.
“Estamos aqui prestando solidariedade à família e aos amigos dele. O aluno era bolsista e sempre relatou os problemas dele ao colégio. É muito triste”, disse um estudante que participou da manifestação.
O grupo que organizou o ato é formado por estudantes pagantes e bolsistas de diversos colégios particulares da capital paulista. Não havia estudantes matriculados no Bandeirantes participando da ação.
O adolescente morto na última semana fazia parte da comunidade do Instituto Social para Motivar, Apoiar e Reconhecer Talentos (Ismart), uma instituição privada que concede bolsas de estudo em escolas particulares para jovens de baixa renda com idades entre 12 a 15 anos.
A CNN teve acesso a um comunicado interno do Ismart sobre o ocorrido. A nota diz que os membros do instituto ficaram desolados e estão focados em dar suporte à família e demais bolsistas da escola.
O tio da vítima, Bruno de Paula, escreveu nas redes sociais sobre o falecimento de seu sobrinho, que tirou a própria vida.
“Era um menino de 14 anos, negro, periférico e gay, que sucumbiu. Não suportou as “brincadeiras” dos “colegas”. Nos dias de hoje, há quem diga que “não se pode falar mais nada” porque, afinal de contas, “a vida está muito chata”. Mas o que se diz pode levar pessoas embora”.
O familiar ainda afirmou que perdeu o jovem, “principalmente, para o descaso do colégio”. Ele disse que a lamentação da escola “não tem significado para a família que enterra um jovem”.
“Que conduta o colégio tomará para evitar que outros nos deixem de forma tão trágica? Como um colégio de ricos, feito para ricos e por ricos aborda a situação do bullying?”, questionou na publicação.
A CNN também acessou mensagens de pessoas ligadas ao Bandeirantes que reagiram com tristeza à notícia. “Estou chocada, muito triste que um adolescente, com uma vida inteira pela frente, esteja sofrendo tanto…”, disse uma mãe.
Outra mãe afirmou que é preciso ensinar respeito e empatia aos filhos para que seja possível evoluir como pessoas e sociedade.
O Colégio Bandeirantes, em nota, lamentou o falecimento e disse que “a prioridade é oferecer todo o apoio e assistência necessários à família do aluno e aos colegas e amigos impactados por essa tragédia”.
A instituição reforçou seu compromisso com o bem-estar emocional de todos com ações de desenvolvimento de competências socioemocionais e acompanhamento dos alunos e famílias pela equipe de Orientação Educacional.
A escola ainda disse que possui programas como o “Equipes de Ajuda”, composto por estudantes do Ensino Fundamental formados para apoiar colegas em momentos difíceis, e a Comissão de Apoio Racional e Emocional, com alunos do Ensino Médio que ajudam na integração de outros jovens.
A vítima era um dos 135 bolsistas que frequentam o Colégio Bandeirantes. Destes, 110 ingressaram na instituição subsidiados pelo Ismart.
Segundo representantes da escola, um desentendimento entre ele e outros quatro alunos foi registrado no mês de maio e, desde então, ele era acompanhado e demonstrava estar bem. Na semana anterior à morte, o estudante chegou a apresentar à turma um trabalho sobre os Orixás, pelo qual foi fortemente aplaudido, de acordo com o relato de professores.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo informou que não encontrou o registro da ocorrência da morte do jovem.