O cultivo de peixes nativos na Amazônia, atividade com potencial econômico e baixo impacto ambiental, de acordo com o Instituto Escolhas, terá um crescimento de apenas 4,6% até 2034.
Essa é a principal conclusão do estudo elaborado pelo instituto, chamado “Solução debaixo d’água: o potencial esquecido da piscicultura amazônica”, que traz inédito recorte sobre o panorama atual da piscicultura de espécies nativas nos nove estados da Amazônia Legal.
De acordo com a pesquisa, o setor deve passar de 175 mil toneladas para 183 mil toneladas nos próximos dez anos. O mapeamento geoespacial identificou 76.942 hectares de lâmina d’água na região e 61.334 empreendimentos de piscicultura, número 39% maior do que o registrado pelo Censo Agropecuário.
O estudo destaca que o cultivo de peixes nativos da Amazônia precisa de até 10 vezes menos espaço para produzir a mesma quantidade de carne que a pecuária extensiva.
Isso pode resultar em uma renda significativa, especialmente para pequenos produtores, que representam 95,8% das propriedades mapeadas.
“A ausência de dados robustos e atualizados do setor, que envolvam mais do que o volume de produção, foi um dos grandes desafios da pesquisa e já é um sinal, por si só, dá pouca atenção recebida pela piscicultura por parte do poder público”, pontua Sergio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas.
Rondônia liderou a produção regional, com 57,2 mil toneladas produzidas em 2022. Mas o estudo aponta que os empreendimentos de piscicultura na Amazônia têm, em média, 19% de área inativa, percentual que chega a 20% nas pequenas propriedades.
Estados como Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima apresentam baixa produtividade, variando entre 2,5 e 4,9 toneladas de peixe por hectare ao ano.
Outro desafio apontado pelo estudo é o acesso ao crédito, que continua limitado, principalmente devido à necessidade de regularização dos empreendimentos para obter financiamento.
“Um avanço consistente no mercado nacional depende da resolução de dois gargalos: solucionar os problemas responsáveis pela baixa produtividade, como a falta de acesso à assistência técnica adequada, e aumentar a produção, que oscila entre 160 mil e 175 mil toneladas anuais desde 2015”, comenta Leitão.
Em 2022, apenas R$ 189 milhões, ou 28,4% do total nacional, foram destinados ao custeio da piscicultura na Amazônia Legal. No que diz respeito aos investimentos, os estados da Amazônia Legal receberam apenas R$ 5,3 milhões, representando 10,5% do total nacional.