Ahmed al-Sharaa, líder dos rebeldes da Síria, chegou a um acordo nesta terça-feira (24) com ex-chefes de facções rebeldes para dissolver todos os grupos e consolidá-los sob o Ministério da Defesa do país, de acordo com uma declaração da nova administração.
Al-Sharaa também é conhecido por seu nome de guerra: Abu Mohammed al-Jolani.
O primeiro-ministro Mohammed al-Bashir disse na semana passada que o ministério seria reestruturado usando ex-facções rebeldes e oficiais que desertaram do Exército de Bashar al-Assad.
Al-Sharaa enfrentará a tarefa difícil de tentar evitar confrontos entre os inúmeros grupos.
Os novos governantes do país nomearam Murhaf Abu Qasra, uma figura importante na insurgência que derrubou Bashar al-Assad, como ministro da Defesa no governo interino.
As minorias étnicas e religiosas históricas da Síria incluem curdos muçulmanos e xiitas — que temiam durante a guerra civil que qualquer futuro governo islâmico sunita colocasse em risco seu modo de vida — bem como cristãos ortodoxos siríacos, gregos e armênios, e a comunidade drusa.
Al-Sharaa destacou a autoridades ocidentais que o visitaram que o grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS) que ele lidera, um antigo afiliado da Al Qaeda, não buscará vingança contra o antigo regime nem reprimirá nenhuma minoria religiosa.
Entenda o conflito na Síria
O regime da família Assad foi derrubado na Síria no dia 8 de dezembro, após 50 anos no poder, quando grupos rebeldes tomaram a capital Damasco.
O presidente Bashar al-Assad fugiu do país e está em Moscou após ter conseguido asilo, segundo uma fonte na Rússia.
A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, de acordo com a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.