O prefeito de Nova York, Eric Adams, perdeu uma tentativa de descartar uma das acusações federais de corrupção contra ele. Nesta terça-feira (17), um juiz se recusou a rejeitar uma acusação de suborno relacionada a viagens de luxo fornecidas por uma autoridade turca, com julgamento marcado para abril de 2025.
O juiz distrital dos Estados Unidos, Dale Ho, negou uma moção para que rejeitasse a acusação de suborno, proposta pelos advogados do prefeito. A defesa citou uma decisão de junho da Suprema Corte dos EUA a favor do ex-prefeito de uma cidade no estado de Indiana, também acusado por promotores federais de corrupção.
Adams, que assumiu o cargo em janeiro de 2022, se recusa a renunciar, apesar dos pedidos de vários democratas experientes na cidade mais populosa do país. Pelo contrário, ele avança com os planos de se reeleger no próximo ano e enfrenta vários adversários à indicação democrata para prefeito nas primárias do partido no fim do próximo semestre.
Em setembro, promotores federais acusaram Adams de aceitar mais de US$ 90 mil em estadias em hotéis de luxo com desconto e upgrades de voos, em troca de permissão para que a Turquia abrisse um novo consulado, apesar das preocupações de segurança e dos laudos negativos do Corpo de Bombeiros. Sobre esta acusação, Adams se declarou inocente.
O advogado de defesa Alex Spiro pediu ao juiz Dale Ho, em 8 de outubro, que rejeitasse a acusação de suborno, mas não as outras quatro – duas acusações de solicitar a um cidadão estrangeiro que contribuísse com sua campanha, uma acusação de fraude eletrônica e uma acusação de conspiração para fraude eletrônica.
Durante uma audiência em 1º de novembro sobre a moção para rejeitar a acusação de suborno, Spiro minimizou a gravidade dessas outras quatro acusações, argumentando que elas tratavam de atividades rotineiras de financiamento de campanha que raramente são processadas.
“Todas as eleições sérias neste país tiveram doadores improvisados desde o início dos tempos”, disse Spiro.
Os promotores disseram que Adams disfarçou contribuições de campanha de fontes turcas, canalizando-as através de doadores “laranjas” baseados nos EUA, permitindo a qualificação ilegal para mais de US$ 10 milhões em financiamento público.
Ao solicitar a rejeição da acusação de suborno, Spiro citou a conclusão da Suprema Corte de que não é crime que as autoridades estaduais e locais aceitem gratificações, como cartões-presente ou fotografias emolduradas, como forma de agradecimento. Spiro disse que Adams nunca concordou em realizar qualquer ato oficial específico em troca de um benefício.
“Os zelosos promotores que garantiram a acusação teriam alegado esse tipo de acordo específico se tivessem alguma evidência para apoiá-lo. Mas não o fazem”, escreveu Spiro em um documento judicial.
Em resposta, o Ministério Público dos Estados Unidos da América em Manhattan disse que a acusação alegava apropriadamente uma “troca explícita de benefícios”. O julgamento está marcado para começar em 21 de abril.
Ex-policial que ascendeu ao posto de capitão, Adams é o primeiro dos 110 prefeitos da cidade a ser acusado de um crime federal durante o exercício do cargo. Pelo menos sete altos funcionários de sua administração renunciaram nos últimos meses, enquanto várias investigações federais de corrupção envolviam a prefeitura.