A Operação Tacitus desta terça é realizada pela Polícia Federal e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público, com apoio da Corregedoria da Polícia Civil de SP.
A ação partiu do cruzamento de diversas investigações sobre o PCC, inclusive o assassinato do empresário Vinícius Gritzbach, executado no Aeroporto de Guarulhos no último dia 8 de novembro. Além do delegado Fábio Baena, três policiais civis já foram presos na ação de hoje. Um quarto agente ainda é procurado.
A investigação iniciou a partir de análise de provas obtidas em diversas investigações policiais que envolveram movimentações financeiras, colaboração premiada e depoimentos. A apuração revelou o modo complexo que os investigados se estruturaram para exigir propina e lavar dinheiro para suprir os interesses da organização criminosa.
Nesta terça, 130 policiais federais e agentes da Corregedoria cumprem oito mandados de prisão e 13 de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Bragança, Igaratá e Ubatuba.
Os suspeitos podem responder pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva e ocultação de capitais. As penas somadas podem chegar a 30 anos de prisão.
Quem é o delegado preso
O delegado de polícia Fábio Baena foi preso em uma operação contra policiais suspeitos de atuar para o PCC, na manhã desta terça-feira (17).
Baena foi citado pelo empresário Vinícius Gritzbach em delação premiada ao Ministério Público. Gritzbach foi assassinado no Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos, no último dia 8 de novembro.
A Corregedoria da Polícia Civil já havia afastado o delegado das atividades operacionais da corporação, após ter sido mencionado na delação.
Baena era responsável por investigar crimes e suspeitos ligados ao Primeiro Comando da Capital. Ele ganha um salário mensal bruto de mais de R$ 27 mil, segundo o Portal da Transparência do Governo de São Paulo.
Na época da repercussão pública do depoimento de Gritzbach, a defesa do policial afirmou, em nota, que “as mentiras propagadas por criminoso delator já foram objeto de ampla investigação conduzida pela Corregedoria da Polícia Civil e, arquivada, a pedido do próprio Ministério Público, o que foi ratificado e confirmado em recurso apreciado pela Procuradoria Geral de Justiça”.
Com a delação, a polícia intensificou a investigação contra eles depois da morte do empresário do PCC e conseguiu reunir indícios apontando que eles haviam cometidos crimes. Ainda não há comprovação da ligação dos policiais com a execução de Vinicius, mas há uma suspeita sendo investigada.
Em nota, a defesa de Fábio Baena afirmou que está indignada e que a prisão não possui necessidade. Leia abaixo.
“A defesa constituída do Delegado de polícia Dr. Fábio Baena Martin e do investigador Eduardo Monteiro, indignada, esclarece que a prisão hoje cumprida não possui necessidade, idoneidade e se constitui em arbitrariedade flagrante. Inadmissível no Brasil se banalizar o direito à liberdade, decretando-se prisão midiática, sem contemporaneidade, e o mais grave, por fatos que já foram investigados e arquivados pela Justiça, por recomendação do próprio Ministério Público. A palavra pueril de um mitômano, sem qualquer elemento novo de prova, não poderia jamais motivar medida tão excepcional, afrontando o status dignitatis e libertatis dos nossos constituídos. Esclareça-se também que ambos compareceram espontaneamente para serem ouvidos e jamais causaram qualquer embaraço às repetidas investigações. Ademais, a defesa denuncia o gravíssimo fato que não se deu o Direito e oportunidade ao Delegado Baena contatar seus advogados avisando de sua prisão e do cumprimento do mandado de busca, o que somente reforça a ilegalidade denunciada. A defesa está tomando todas as medidas para fazer cessar, imediatamente, a coação espúria constatada”.