Os Estados Unidos e o Reino Unido impuseram sanções à Rússia este ano pelo uso da arma química cloropicrina contra tropas na Ucrânia, meses antes de Igor Kirillov ser morto em Moscou, nesta terça-feira (17).
Em maio, o Departamento de Estado dos EUA avaliou que a Rússia havia usado cloropicrina — um agente de controle de distúrbios usado pela primeira vez na Primeira Guerra Mundial — contraforças ucranianas, o que ele afirmou ser uma violação a Convenção Internacional sobre Armas Químicas (CWC), da qual os russos são signatários.
“A Rússia usou agentes de controle de tumultos como um método de guerra na Ucrânia, violando a CWC. O uso de tais produtos químicos não é um incidente isolado, e é provavelmente motivado pelo desejo das forças russas de desalojar as forças ucranianas de posições fortificadas e obter ganhos táticos no campo de batalha”, explicou o Departamento de Estado.
Cloropicrina — substância que afeta olhos, pele, garganta e pulmões — foi fabricada para uso como gás lacrimogêneo durante a guerra de trincheiras da Primeira Guerra Mundial, mas foi proibida pela CWC em 1993.
Em outubro, o Reino Unido sancionou o próprio Kirillov, dizendo que ele era “responsável por ajudar a implantar” armas químicas nos campos de batalha da Ucrânia.
“As forças russas admitiram abertamente o uso de armas químicas perigosas no campo de batalha, com uso generalizado de agentes de controle de distúrbios e vários relatos do uso do agente tóxico de asfixia cloropicrina — implantado pela primeira vez nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial”, expressou o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido.
Entenda a Guerra entre Rússia e Ucrânia
A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 e entrou no território por três frentes: pela fronteira russa, pela Crimeia e por Belarus, país forte aliado do Kremlin.
Forças leais ao presidente Vladimir Putin conseguiram avanços significativos nos primeiros dias, mas os ucranianos conseguiram manter o controle de Kiev, ainda que a cidade também tenha sido atacada. A invasão foi criticada internacionalmente e o Kremlin foi alvo de sanções econômicas do Ocidente.
Em outubro de 2024, após milhares de mortos, a guerra na Ucrânia entrou no que analistas descrevem como o momento mais perigoso até agora.
As tensões se elevaram quando o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou o uso de um míssil hipersônico de alcance intermediário durante um ataque em solo ucraniano. O projétil carregou ogivas convencionais, mas é capaz de levar material nuclear.
O lançamento aconteceu após a Ucrânia fazer uma ofensiva dentro do território russo usando armamentos fabricados por potências ocidentais, como os Estados Unidos, o Reino Unido e a França.
A inteligência ocidental denuncia que a Rússia está usando tropas da Coreia do Norte no conflito na Ucrânia. Moscou e Pyongyang não negam, nem confirmam o relato.
O presidente Vladimir Putin, que substituiu seu ministro da Defesa em maio, disse que as forças russas estão avançando muito mais efetivamente – e que a Rússia alcançará todos os seus objetivos na Ucrânia, embora ele não tenha dado detalhes.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse acreditar que os principais objetivos de Putin são ocupar toda a região de Donbass, abrangendo as regiões de Donetsk e Luhansk, e expulsar as tropas ucranianas da região de Kursk, na Rússia, das quais controlam partes desde agosto.