Os Estados Unidos estão discutindo diretamente com Israel as ações militares israelenses na Síria após a queda do regime de Bashar al-Assad, segundo o secretário de Estado, Antony Blinken.
Ele destacou que é “realmente importante que todos tentemos garantir que não aconteça nenhum conflito adicional”.
“O objetivo dessas ações israelenses é tentar garantir que o equipamento que foi abandonado – equipamento militar que foi abandonado pelo Exército sírio – não caia em mãos erradas, de terroristas, extremistas”, Blinken disse a repórteres antes de ir da Jordânia para a Turquia.
Israel enviou tropas para a área desmilitarizada na fronteira com a Síria e atacou bases aéreas, portos e arsenais de armas sírios em todo o país.
“Os israelenses têm sido claros sobre o que estão fazendo e por que o fazem”, declarou Blinken.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, se reuniu em Jerusalém com o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, para discutir os acontecimentos na Síria, de acordo com o gabinete do premiê.
Sullivan disse depois, durante uma coletiva de imprensa, que os EUA estão “em contato com o governo israelense sobre o que acontecerá, de como será os próximos dias e semanas”.
“Temos a expectativa de que será algo temporário”, acrescentou Sullivan. “E acreditamos na palavra de que essa é a intenção, enquanto trabalhamos em um novo acordo que garanta que Israel está seguro”.
Entenda o conflito na Síria
O regime da família Assad foi derrubado na Síria no dia 8 de dezembro, após 50 anos no poder, quando grupos rebeldes tomaram a capital Damasco.
O presidente Bashar al-Assad fugiu do país e está em Moscou após ter conseguido asilo, segundo uma fonte na Rússia.
A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, de acordo com a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.
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