O líder rebelde sírio, Mohammad al-Jolani, informou à Reuters em uma declaração escrita, na quarta-feira (11), que dissolveria as forças de segurança do regime deposto de Bashar al-Assad.
Jolani, cujo nome real é Ahmad Al Sharaa, explicou que “dissolveria as forças de segurança do regime anterior e fecharia as notórias prisões”, em uma declaração compartilhada exclusivamente com a agência.
Separadamente, o líder do governo ligado aos rebeldes sírios, Mohammad Al-Bashir, que foi nomeado primeiro-ministro do país, reiterou à mídia italiana que o governo interino permanecerá apenas até março.
Em uma entrevista ao jornal Corriere della Sera, publicada na quarta-feira (11), Bashir afirmou que “ficaremos apenas até março de 2025”, segundo a Reuters.
O premiê declarou que as prioridades eram restaurar a segurança e a autoridade do estado, trazer milhões de refugiados sírios para casa e fornecer serviços essenciais.
Quando perguntado se a nova constituição da Síria seria islâmica, o ministro exclamou que “esses detalhes” serão elucidados no processo de elaboração da constituição.
*Com informações da Reuters
Entenda o conflito na Síria
O regime da família Assad foi derrubado na Síria no dia 8 de dezembro, após 50 anos no poder, quando grupos rebeldes tomaram a capital Damasco.
O presidente Bashar al-Assad fugiu do país e está em Moscou após ter conseguido asilo, segundo uma fonte na Rússia.
A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, segundo a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.