Mohammad Al-Bashir foi nomeado primeiro-ministro interino da Síria pelos rebeldes que derrubaram o regime de Bashar al-Assad. Ele desempenhará a função durante três meses, até 1° de março de 2025, segundo anúncio nesta terça-feira (10).
Ele serviu anteriormente como primeiro-ministro do Governo da Salvação, que é ligado ao Hayat Tahrir al-Sham (HTS), a principal força rebelde, em Idlib.
Durante o discurso, Al-Bashir informou que houve uma sessão de gabinete com integrantes do Governo da Salvação e do regime de Bashar al-Assad, com foco na “transferência de instituições”.
Mohammad Al-Bashir nasceu em 1983 na província de Idlib, na Síria, segundo biografia no site do Governo da Salvação.
Ele se formou em Engenharia Elétrica e Eletrônica na Universidade de Aleppo, a segunda maior cidade do país, em 2007.
Al-Bashir também possui certificações em inglês e na Lei Sharia.
O novo premiê interino da Síria também foi diretor do Instituto Educacional Al Amal e diretor de Educação Sharia no Ministério de Doações, Da’wah e Orientação, ainda segundo a biografia do Governo da Salvação.
Em 2022 e 2023, serviu como ministro do Desenvolvimento do Governo da Salvação. Anteriormente, também trabalhou no Ministério do Desenvolvimento e Assuntos Humanitário.
Em 2024, Bashir se tornou primeiro-ministro do Governo da Salvação em Idlib.
Outros pontos da biografia de Al-Bashir são:
- Chefe do departamento de instrumentação de precisão na planta de gás da Syria Gas Company em 2011
- Certificado de gerenciamento de projetos emitido pela Academia Internacional de Treinamento, Idiomas e Consultoria em 2021
- Certificado nos princípios de planejamento e organização administrativa em 2021
O que é o Governo da Salvação?
O Governo de Salvação se autointitula como um governo tecnocrático “nascido do ventre da revolução através de uma iniciativa de acadêmicos nas áreas libertadas no ano de 2017”.
Uma tecnocracia é um sistema de organização política e social que tem predomínio dos técnicos.
Segundo a organização, a iniciativa resultou em uma conferência com ativistas e grupos presentes dentro e fora das “áreas libertadas” da Síria — ou seja, aquelas que não eram mais dominadas pelo regime de Bashar al-Assad.
Em seguida, foi criado um “órgão constituinte composto pelas elites sociais e acadêmicas revolucionárias presentes nas áreas libertadas”.
Entenda o conflito na Síria
O regime da família Assad foi derrubado na Síria no dia 8 de dezembro, após 50 anos no poder, quando grupos rebeldes tomaram a capital Damasco.
O presidente Bashar al-Assad fugiu do país e está em Moscou após ter conseguido asilo, segundo uma fonte na Rússia.
A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, de acordo com a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.