O presidente dos EUA, Joe Biden, faz primeiro pronunciamento na Casa Branca após a queda do regime de Assad na Síria. Neste domingo, forças rebeldes na Síria declararam Damasco “livre”, alegando que Bashar al-Assad fugiu da capital.
“Finalmente o regime de Assad caiu. Esse regime brutalizou, torturou e matou literalmente centenas de milhares de sírios inocentes. A queda desse regime é um ato de justiça. É um momento histórico de oportunidade para as pessoas da Síria, para que vejam o futuro do seu país, e é também um momento de risco e incerteza”, diz Biden.
Em pronunciamento, o presidente dos EUA ainda diz que “os Estados Unidos trabalham com suas parcerias e partes interessadas da Síria para olharmos para essa oportunidade e gerenciarmos os riscos”.
“Durante anos, muitos apoiaram o Assad, incluindo o Irã, o Hezbollah e a Rússia. Mas esse apoio caiu nas últimas semanas, porque todos acabaram sendo ameaçados em suas posições. Depois do ataque do Hamas em Israel, o mundo percebeu o risco do Irã e prepostos na região. O principal preposto do Irã, o Hezbollah, também está enfraquecido”.
“Olhando para a frente, os Estados Unidos apoiará os vizinhos da Síria, incluindo a Jordânia, o Líbano, Iraque e Israel, para que eles se mantenham nesse momento de transição na Síria. Falarei com líderes da região nos próximos dias e teremos grandes discussões a respeito”, acrescentou Biden.
O presidente dos EUA também informou que autoridades do seu governo estarão na região e que auxiliarão na estabilidade para restaurar a Síria.
“Eles podem tentar usar esse fato de agora para aumentar o seu poder e não deixaremos que isso aconteça. […] Nós estamos engajados com os grupos sírios dentro do que foi estabelecido para fazer uma transição segura e trazer uma Síria independente e soberana, com uma nova constituição e um novo governo, com um destino determinado pelo povo sírio”, acrescentou.
Biden ainda disse ser uma oportunidade para ter “nossos amigos seguros e os inimigos contidos. Seria um desperdício perder esse momento histórico”.
A mídia estatal russa TASS, citando uma fonte no Kremlin, afirmou que o presidente sírio Bashar al-Assad e sua família chegaram a Moscou após receberem asilo na Rússia.
O governo dos EUA está profundamente ciente de que o fim do regime de Assad — e o que acontecerá em seguida — pode remodelar fundamentalmente o equilíbrio de poder no Oriente Médio.
Entenda o conflito na Síria
A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, de acordo com a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.
Quem é a família de Bashar al-Assad, que governou a Síria por mais de meio século