A promotoria da Coreia do Sul apontou o presidente Yoon Suk Yeol como alvo de uma investigação criminal por conta da tentativa de colocar o país sob lei marcial na semana passada, segundo a imprensa local, e também pela prisão do ex-ministro da Defesa.
Isto fez com que neste domingo (8) a crise de liderança na Coreia do Sul se agravasse.
O presidente sul-coreano conseguiu sobreviver a uma votação de impeachment no parlamento liderado pela oposição no final do sábado (7).
O pedido foi feito após a tentativa de imposição da lei marcial no país na terça-feira (3).
Han Dong-hoon, líder do próprio partido de Yoon, declarou que o presidente seria efetivamente excluído das funções antes de renunciar.
A proposta, que pareceu receber aprovação tácita do primeiro-ministro nomeado por Yoon neste domingo (8), foi condenada por parlamentares da oposição, que a descreveram como mais uma tentativa inconstitucional de concentrar poder ao evitar a renúncia ou o impeachment.
Ainda neste domingo, milhares de pessoas protestaram em frente ao parlamento em Seul, pedindo o impeachment e a prisão de Yoon, além da dissolução do partido governista.
Quem é Yoon Suk Yeol, presidente da Coreia do Sul
No entanto, o presidente da Assembleia Nacional, Woo Won-shik, declarou que era inconstitucional delegar a autoridade presidencial ao primeiro-ministro e ao partido governista sem impeachment.
Woo propôs uma reunião entre partidos rivais para discutir formas de suspender imediatamente os poderes presidenciais de Yoon.
O principal partido de oposição, o Partido Democrático (DP), solicitou a suspensão imediata das funções presidenciais de Yoon e que ele fosse destituído da autoridade de controlar as forças armadas.
O DP também pediu a prisão de Yoon e de oficiais militares relacionados ao fiasco com a lei marcial.
Decreto fracassado
O presidente chocou a nação na noite de terça-feira (3) ao conceder ao exército amplos poderes emergenciais para combater o que ele chamou de “forças antiestatais” e opositores políticos obstrucionistas.
Yoon acabou revogando a própria ordem seis horas depois, após o parlamento desafiar os cordões militares e policiais para votar, por unanimidade, contra o decreto.
A agência de notícias Yonhap informou que os promotores “indiciaram” Yoon, em um processo que na Coreia do Sul envolve a nomeação formal de sujeitos de investigação.
Três partidos de oposição apresentaram uma queixa à promotoria contra o presidente, o ex-ministro da Defesa Kim Yong-hyun e o comandante da lei marcial Park An-su, acusando-os de insurreição.
O crime de liderar um levante é punível com a pena de morte ou prisão perpétua, com ou sem trabalhos forçados.
A equipe especial de investigação da promotoria prendeu Kim neste domingo (8) e junto apreendeu seu telefone celular, relatou em um breve comunicado aos repórteres.
Antes da prisão, os investigadores interrogaram Kim, que compareceu voluntariamente ao Escritório Central da Promotoria do Distrito de Seul na manhã de domingo, informou a agência.