E uma audiência do Tribunal Penal Internacional nesta terça-feira (3), o governo da Argentina denunciou o cerco pelas forças policiais venezuelanas à sua sede diplomática em Caracas, onde estão abrigados seis líderes da oposição ao governo de Nicolás Maduro.
Os próprios líderes e as autoridades argentinas relataram que oficiais cercam o edifício, restringindo os serviços de eletricidade e água e impedindo a passagem de veículos para se abastecerem de alimentos.
Mario Oyarzábal, embaixador da Argentina na Holanda e em organizações internacionais em Haia, explicou que a propriedade, localizada no sudeste da capital venezuelana, “enfrentou situações de cerco por parte de forças policiais e atores desarmados não identificados, em retaliação por ter oferecido asilo a pessoas cujas vidas e integridade estão em perigo.”
O embaixador acrescentou que “é imperativo” que a Venezuela respeite a inviolabilidade da sede diplomática e conceda o salvo-conduto correspondente para que os requerentes de asilo – que pertencem ao círculo íntimo de colaboradores da líder da oposição María Corina Machado – possam deixar o território venezuelano.
O embaixador falou também da crise das eleições em 28 de julho na Venezuela. Segundo ele, “as circunstâncias do país deterioraram-se ainda mais”, uma vez que “os direitos humanos e civis são sistematicamente violados e a vontade democrática da sua população é deliberadamente ignorado.”
“Instamos este Tribunal a agir de forma decisiva para garantir que os responsáveis por estes crimes sejam levados à justiça. A impunidade não só perpetua o sofrimento das vítimas, mas também corrói os alicerces da ordem jurídica internacional”, observou.
A Argentina é um dos países da região que desconhece os resultados que declararam o presidente Nicolás Maduro vencedor nas eleições. Como resultado destas questões, Maduro expulsou o corpo diplomático argentino no final de julho, cuja embaixada estava sob a proteção do Brasil.
A CNN entrou em contato com o Itamaraty para comentar as declarações de Oyarzábal e aguarda resposta.
O Governo da Venezuela nega que esteja a realizar um cerco à embaixada da Argentina.
Na semana passada, o ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, disse em conferência de imprensa que se a sede ficou sem serviços é porque não foram pagos. “A embaixada da Argentina está lá, eles vão ver. Deixem-nos pagar a eletricidade, bom, deixem-nos pagar os serviços, também não vamos lhes dar nada”, argumentou.
As declarações do embaixador argentino no TPI ocorrem um dia depois de o procurador da instituição, Karim Khan, ter pedido à Venezuela a libertação dos menores detidos durante os protestos eleitorais. Esta terça-feira, o Itamaraty rejeitou as palavras de Khan e acusou-o de se deixar levar por “campanhas públicas” contra o Governo de Maduro.