A declaração surpresa de Lei Marcial pelo presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, foi uma “ação extrema” provavelmente motivada por sua frustração com o impasse político, disse Celeste Arrington, professora da Universidade George Washington, à Reuters nesta terça-feira (3).
Yoon disse nesta quarta-feira (4), no horário local, que suspendeu a medida, após o Parlamento e o gabinete votarem para revogá-la.
Arrington pontuou que Yoon é um político inexperiente que tem estado em discordância com o Parlamento, que é controlado pela oposição.
A declaração de Lei Marcial foi claramente inapropriada sob a Constituição sul-coreana, segundo a professora.
“Na Constituição, você só pode declarar Lei Marcial em casos extremos de emergência nacional ou, você sabe, como tempo de guerra ou um incidente ou necessidade militar. E, então, este claramente não é um contexto que se encaixa nesses critérios”, pontuou a especialista.
Yoon declarou Lei Marcial nesta terça justificando que estava agindo contra “forças anti-Estado” entre seus oponentes. Mas parlamentares indignados rejeitaram o decreto, enquanto manifestantes se reuniam do lado de fora do Parlamento na maior crise política do país em décadas.
A declaração surpresa do chefe de Estado, que ele classificou como direcionada a seus inimigos políticos, foi rejeitada por unanimidade por 190 legisladores no Parlamento. Segundo a lei sul-coreana, o presidente deve suspender imediatamente a Lei Marcial se o Parlamento exigir.
A crise em um país que é uma democracia desde a década de 1980, um aliado dos EUA e uma grande economia asiática, causou alarme internacional.
“A Coreia do Sul é um dos aliados mais importantes dos Estados Unidos no Leste Asiático. E, assim, o relacionamento entre Seul em Washington é crítico para enfrentar a ameaça norte-coreana, a agressão chinesa e, mais recentemente, os laços mais estreitos entre a Coreia do Norte e a Rússia”, destacou Arrington.
“Portanto, a instabilidade em Seul, a crise política que o presidente Yoon desencadeou com esta declaração de Lei Marcial é potencialmente prejudicial ao interesse do governo Biden em promover a arquitetura de alianças no nordeste da Ásia”, adicionou.
Os Estados Unidos afirmaram nesta terça que estão observando os eventos na aliada Coreia do Sul com “grave preocupação”, ressaltando que esperavam que a crise fosse resolvida pacificamente de acordo com o Estado de Direito.